EUA priorizaram evacuação de paramilitares acusados de crimes de guerra no Afeganistão, diz mídia

Membros das chamadas unidades Zero, uma força paramilitar secreta afegã patrocinada e controlada pela CIA, desfrutou de status prioritário para evacuação em segurança para os EUA, informaram ex-oficiais de inteligência dos EUA e do Afeganistão e um antigo soldado dessa força especial.
Sputnik
Acredita-se que cerca de 7.000 desses soldados e membros de suas famílias teriam sido retirados do Afeganistão, a maioria dos quais foi transferida no início para uma base militar dos EUA no Catar e depois transportada para bases na Virgínia e Nova Jersey, para a base aérea de Ramstein, na Alemanha, e para os Emirados Árabes Unidos antes do reassentamento permanente, afirmaram fontes com conhecimento direto do assunto ao portal The Intercept.
Coletivamente conhecidos como Unidades Nacionais de Ataque, os membros desta força paramilitar ajudaram as tropas dos EUA a proteger o Aeroporto Internacional de Cabul nas duas últimas semanas das operações de evacuação na capital afegã, onde alegadamente estiveram envolvidos em extorsão de afegãos, que ajudaram as forças dos EUA e da OTAN durante a sua permanência de quase 20 anos no país, exigindo dinheiro para passarem pelos portões do aeroporto.
Multidões se preparam para mostrar seus documentos às tropas dos EUA fora do aeroporto de Cabul, Afeganistão, 26 de agosto de 2021
Canal Al Jazeera relatou sobre um desses incidentes, em que uma intérprete foi espancada por paramilitares que disseram que ela, seu marido e seus três filhos não seriam autorizados de atravessar os portões, a menos que ela pagasse US$ 5.000 (cerca de R$ 27,4 mil) por ela e cada membro de sua família. A mulher não conseguiu passar, sendo incapaz de pagar essa quantidade de dinheiro.
Às forças das unidades Zero teria sido dada prioridade sobre as forças especiais de comandos de elite do Exército Nacional afegão. Destas nem todos conseguiram sair do país, de acordo com fontes estima-se que pelo menos quatro comandos tenham sido localizados e assassinados.
Durante as suas operações, frequentemente junto com agentes da CIA ou tropas especiais dos EUA, as forças das unidades Zero ganharam má fama por sua extrema brutalidade contra não combatentes, com a organização Human Rights Watch e outros grupos de direitos humanos acusando-os de uma série de abusos e crimes de guerra, incluindo a execução de adultos civis e crianças durante as incursões noturnas.
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