Camberra está cometendo "atos de imprudência" com seu apoio a Taiwan, comentou na quarta-feira (6) o jornal estatal chinês Global Times em um artigo de opinião em resposta a uma visita à ilha de um ex-primeiro-ministro da Austrália.
Tony Abbott, que esteve à frente do país entre 2013 e 2015, deu na última sexta-feira (6) um discurso em uma coletiva de imprensa em Taipé, Taiwan, no qual instou a comunidade internacional a demonstrar "solidariedade" com a ilha, e que "qualquer tentativa de coerção teria consequências incalculáveis" para a China.
"Eu não acredito que os Estados Unidos possam ficar parados assistindo a [Taiwan] ser engolida. Não acredito que a Austrália ficaria indiferente ao destino de uma democracia amiga de quase 25 milhões de pessoas".
Em resposta, Chen Hong, presidente da Associação Chinesa de Estudos Australianos, e autor do artigo no Global Times, criticou a abordagem de Camberra em relação a Taipé, particularmente o pacto AUKUS entre os EUA, Reino Unido e a Austrália, que garante o fornecimento de submarinos movidos a energia nuclear a Camberra por Washington e Londres. Isso, afirma ele, fará da Austrália "outra peça de xadrez na estratégia anti-China de Washington".
O artigo também mencionou as afirmações de Peter Dutton, ministro da Defesa da Austrália, que em setembro não excluiu um confronto militar com a China em caso de guerra com os EUA. Hong também disse estar preocupado com a mídia australiana estar oferecendo uma "plataforma" para políticos taiwaneses independentistas.
O acadêmico chinês apontou a possíveis "mudanças sísmicas" nas relações sino-australianas, sem a possibilidade de avanços diplomáticos, caso Camberra continua com "ações provocativas" como estabelecer relações oficiais com Taiwan ou apoiar sua participação no Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês), lembrando o corte no comércio da China com a Lituânia, depois que a última criou um escritório diplomático em Taipé.
Pequim considera Taiwan uma parte de seu território sob sua política de Uma Só China, e não reconhece sua autonomia.