No início do ano passado, o gerente de um banco dos EAU recebeu uma chamada de um homem cuja voz era idêntica a de um empresário com o qual já havia falado, segundo informou a Forbes nesta quinta-feira (14), citando um ato judicial ao qual teve acesso.
O homem disse que sua empresa estava prestes a fazer uma aquisição, e por isso precisava que o gerente lhe autorizasse uma série de transferências no valor de US$ 35 milhões. O indivíduo afirmou ao gerente que tinha contratado um advogado chamado Martin Zelner para coordenar as transações.
Depois disso, o banco recebeu vários correios eletrônicos, supostamente do empresário e do advogado, pelos quais foi confirmada a quantidade de dinheiro que era necessária movimentar e o seu destino de envio.
O gerente, acreditando que tudo estava em ordem, deu luz verde às operações sem saber que foi enganado pela tecnologia de inteligência artificial conhecida por deep voice (voz profunda, na tradução em inglês) que clonou a voz do empresário.
O Ministério Público de Dubai, que dirige a investigação, acredita que pelo menos 17 pessoas foram envolvidas neste elaborado plano.
Os fiscais sugerem que o dinheiro foi enviado a contas bancárias espalhadas em diferentes partes do mundo, incluindo US$ 400.000 (R$ 2,2 milhões) em contas com sede nos EUA geridas pelo Centennial Bank, e por isso, foi solicitada assistência de investigadores norte-americanos para rastrear o dinheiro.
A mídia revela que o documento obtido não fornece mais detalhes ou nomes das vítimas.
Deep voice
"As falsificações visuais e de áudio representam uma grande ameaça aos dados, dinheiro e empresas", segundo o ex-policial britânico e especialista em segurança cibernética da empresa ESET, Jake Moore.
O especialista disse que cada vez mais haverá casos de manipulação de áudio porque é mais fácil do que fazer vídeos de deepfake.