O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Chung Eui-yong, discursou em uma sessão de auditoria parlamentar horas depois de a Coreia do Norte declarar ter testado com sucesso um novo tipo de míssil balístico de lançamento submarino (SLBM, na sigla em inglês) na terça-feira (19).
"Devemos tomar algumas medidas para evitar que a Coreia do Norte desenvolva ainda mais suas capacidades nucleares e de mísseis [...] O alívio das sanções pode ser considerado parte dos esforços, na condição de que a Coreia do Norte aceite a proposta do diálogo", reiterou o diplomata, citado pela agência Yonhap News.
Não obstante sua performance militar, Pyongyang enfrenta um agravamento das preocupações econômicas devido às contínuas sanções da ONU, implementadas em resposta a seus testes nucleares e de mísseis, aos desafios impostos pela COVID-19 e às más condições climáticas.
Teste de lançamento de recém-desenvolvido míssil antiaéreo realizado pela Coreia do Norte, foto divulgada em 1º de outubro de 2021
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Relativamente à posição de Washington ante a possível flexibilização das sanções com base na condição acima descrita, Chung disse que "os EUA têm deixado claro, de forma consistente, que podem discutir quaisquer questões na mesa de negociações se a Coreia do Norte retornar ao diálogo", citado na matéria.
Por sua vez, o representante especial dos EUA para a Política da Coreia do Norte, Sung Kim, reafirmou na terça-feira (19) que os EUA continuam abertos ao diálogo com Pyongyang, mas enfatizou que a administração Biden manterá suas sanções até que sejam tomadas medidas concretas para a desnuclearização.
O que mudará se guerra entre as duas Coreias terminar?
Seul tem dado sinais que pretende ajudar a reavivar os laços diplomáticos com Pyongyang, contudo, na opinião de um ex-chefe das Forças Armadas dos EUA na Coreia do Sul (USFK, na sigla em inglês), as ameaças à segurança norte-coreanas não mudarão, mesmo que seja declarado o fim formal da Guerra da Coreia de 1950-53.
Durante uma reunião com especialistas em segurança em Seul, Curtis Scaparrotti, que liderou as USFK entre 2013 e 2016, enfatizou que a situação atual devia ser discutida de maneira "cuidadosa", uma vez que as tensões voltaram a se exacerbar com o teste de um SLBM pela Coreia do Norte.
No mês passado, discursando em uma sessão anual da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, renovou sua proposta para a declaração do fim da guerra, informando que as autoridades de Seul estão trabalhando para a construção eficaz de relações de confiança com o Norte.
"Hoje exorto de novo a comunidade internacional a mobilizar suas forças para a declaração do fim da guerra na península da Coreia e proponho que as duas Coreias e os EUA, ou as duas Coreias, os EUA e a China, se reúnam e declarem que a guerra na península da Coreia terminou", declarou Moon.
Se Seul e Pyongyang anunciarem o fim da guerra, isso permitirá alcançar progresso na desnuclearização da península, segundo Moon.
Contudo, Scaparrotti não se mostra convencido, argumentando que " às vezes esquecemos de voltar atrás e pensar sobre a ameaça que esta aliança foi formada para combater [...] Isso não vai mudar no dia seguinte à declaração do fim da guerra [...] Ela ainda estará presente da mesma maneira, no mesmo lugar, e nossa responsabilidade como aliança é defender a República da Coreia e seu povo", disse citado na matéria.