Pesquisa mostra vantagens de vacinas com vetor adenoviral humano e pode promover Sputnik V russa

Um grupo de cientistas dos EUA comparou várias vacinas contra COVID-19 umas contra outras, as de adenovírus humanos contra as de RNA-mensageiro. As descobertas foram confirmadas por cientistas argentinos que analisaram os dados de longo prazo.
Sputnik
As vacinas de RNA-mensageiro fornecem alta resposta de anticorpos, mas perdem a maioria de sua eficácia dentro de seis meses, enquanto as vacinas com vetor de adenovírus humanos fornecem níveis de proteção estáveis durante oito meses após a vacinação – este é o ponto-chave do estudo comparativo publicado em 15 de outubro em New England Journal of Medicine. Este estudo analisou a cinética da resposta imunológica contra o novo coronavírus fornecida pelas vacinas da Pfizer, Moderna e Janssen da Johnson & Johnson, com as duas primeiras vacinas representando a tecnologia mRNA, sendo a terceira baseada na plataforma de vetor de adenovírus humano.
Dinâmica das respostas imunes humoral e celular fornecidas pelas vacinas BNT162b2 (da Pfizer), mRNA-1273 (da Moderna) e Ad26.COV2.S (Janssen)
A vacina Janssen de dose única da Johnson & Johnson, baseada no vetor de adenovírus humano, se mostrou a melhor na pesquisa, superando suas duas concorrentes de duas doses baseadas em RNA-mensageiro, com seu título de anticorpos neutralizadores de vírus vivo crescendo do número inicial de 146 para 629 após 8 meses.
O número de anticorpos protetores neutralizantes da vacina da Pfizer, que ficou em segundo lugar, caiu 34 vezes após 8 meses. O resultado está de acordo com os dados do documento do briefing de 17 de setembro apresentado pela Pfizer à FDA (Food and Drug Administration), agência sanitária dos EUA, em uma tentativa de assegurar a prática de introduzir doses de reforço às pessoas que usaram a vacina desta marca a cada 6 meses, a fim de manter o nível de proteção da vacina bastante elevado.
A vacina de RNA-mensageiro da Moderna ficou em terceiro lugar, com a resposta de anticorpos diminuindo 44 vezes em comparação com o início de um período de 8 meses.
Mas o nível de anticorpos protetores não é o único fator que está sendo levado em consideração pelos imunologistas. O estudo norte-americano também mediu a resposta das células T CD8 para as duas vacinas de RNA-mensageiro e uma de vetor adenoviral Ad26. As células T são parte importante do sistema imunológico, que se concentra em partículas específicas. A imunidade às células T no caso da COVID-19 está sendo pesquisada no momento por cientistas de todo o mundo e está na vanguarda do esforço global para combater o novo coronavírus. Foi aqui que a vacina com vetores de adenovírus humano venceu a COVID-19 em um período de 8 meses, com a Pfizer mostrando no final um nível de células T CD8 de 0,016%, a Moderna um nível comparável de 0,017% e a Janssen no topo com 0,12%.
O estudo norte-estudo americano mostrou que o nível inicial da resposta imunológica era bastante robusto para as vacinas de RNA-mensageiro, mas essa resposta caiu para números comparáveis com a de vacinas com vetor adenoviral após 8 meses. A diferença real pode ser vista no caso da resposta a células T – foi aqui que a vacina adenoviral se tornou a vencedora de verdade.
Os resultados da pesquisa norte-americana foram refletidos em outro estudo recente realizado na Argentina. Cientistas argentinos concluíram que a vacina Sputnik V, que, tal como a vacina Janssen é baseada no vetor adenoviral humano, proporciona "maturação" de anticorpos e maior proteção contra o coronavírus dentro de um período de 6 meses. A pesquisa argentina mostrou um crescimento significativo no índice de potência neutralizante (NPI, na sigla em inglês) que foi observado no 120º dia (NPI=0,33) em comparação com os valores observados em 42 dias após a vacinação (NPI=0,15).
As vacinas da Pfizer e Moderna são baseadas em uma tecnologia experimental de RNA-mensageiro, que não tem sido amplamente usada antes da pandemia de COVID-19. As vacinas utilizam uma cópia de uma molécula chamada RNA-mensageiro para produzir uma resposta imunológica. Janssen e Sputnik V, por sua vez, se baseiam em uma tecnologia bem conhecida de vetor de adenovírus humano, sendo a codificação genética para um antígeno desejado fornecida através de um vetor de vírus não replicante. Tanto Janssen quanto Sputnik V usam o vetor adenoviral humano Ad26, mas a Sputnik V também tem uma "salvaguarda" na forma de um método heterólogo de prime-boost (com duas e mais doses): se a pessoa foi previamente exposta ao Ad26 e este componente não funciona eficazmente, a segunda das duas doses da Sputnik V se destina a ultrapassar esse obstáculo com o uso de um vetor adenoviral diferente – o Ad5. Ambas Sputnik V e Janssen usam a plataforma de adenovírus humano, enquanto a vacina da AstraZeneca é baseada em adenovírus de chimpanzé.
A Sputnik V é a primeira vacina registrada no mundo com 91,6% de eficácia. No momento, a vacina está aprovada em 70 países.
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