A União Europeia (UE) precisa de energia nuclear e de gás como fontes estáveis de energia enquanto administra a transição para uma economia de baixo carbono, afirmou nesta sexta-feira (22) a presidente da Comissão Europeia (CE), Ursula von der Leyen.
Embora a UE deva reduzir drasticamente suas emissões de dióxido de carbono (CO2) para combater as mudanças climáticas, "é óbvio que precisamos de mais energia renovável e limpa", disse von der Leyen no final de uma cúpula dos 27 Estados-membros do bloco, reporta a agência AFP.
As energias renováveis, como a eólica e a solar, tiveram seus custos reduzidos, não dependem de importações e oferecerão "muita independência" à UE, mas "precisamos de uma fonte estável, nuclear; e durante a transição, é claro, de gás natural", observou a presidente da CE.
A Comissão Europeia deve propor antes do final do ano a sua chamada taxonomia verde, uma lista de energias consideradas benéficas para o clima, informa a mídia.
Pedestres passam em 2 de outubro de 2021 por um posto de gasolina em Paris, França, em meio ao aumento do preço de gás natural em toda a Europa
© AFP 2023 / Thomas Coex
França defende uso da energia nuclear
"Nunca antes se expressou um apoio tão claro e amplo à necessidade de usar a energia nuclear para atingir nossos objetivos climáticos", disse o presidente francês Emmanuel Macron nesta sexta-feira (22).
A França, que obtém cerca de 70% de sua energia de geração nuclear e é uma grande exportadora de eletricidade, está se preparando para reiniciar a construção de usinas atômicas.
Presidente da França, Emmanuel Macron, gesticula enquanto fala durante apresentação de plano de investimento em Paris, em 12 de outubro de 2021
© AFP 2023 / LUDOVIC MARIN
"Uma grande maioria dos Estados-membros" da UE queria incluir gás e energia nuclear na taxonomia verde, disse um diplomata europeu à agência de notícias.
No contexto da atual crise do preço do gás, dez países da UE, liderados pela França, publicaram uma declaração em meados de outubro apoiando a energia nuclear.
Mas outros países, incluindo Alemanha, Áustria e Luxemburgo, opõem-se veementemente, apontando para o problema do armazenamento a longo prazo de resíduos radioativos.
No início de outubro, o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelo Comércio, Valdis Dombrovskis, defendeu a energia nuclear em uma reunião dos ministros das finanças da UE, pedindo o reconhecimento do seu papel "como fonte de energia de baixo carbono em nosso esforço" para reduzir as emissões.