O cérebro humano encolheu em tamanho há 3.000 anos, depois de aumentar entre 2,1 e 1,5 milhões de anos atrás, escreveu na sexta-feira (22) o portal Phys.org.
Os autores do estudo, publicado na revista Frontiers in Ecology and Evolution, examinaram 985 crânios humanos fósseis e modernos e teorizaram que o encolhimento do cérebro ocorreu paralelamente à transferência de uma série de funções para a mente coletiva.
"Um fato surpreendente sobre humanos hoje é que nossos cérebros são menores em comparação com os de nossos antepassados do Pleistoceno [entre 2,58 milhões e 11.700 anos atrás]. Por que nosso cérebro encolheu de tamanho tem sido um grande mistério para os antropólogos", comentou em comunicado dr. Jeremy DeSilva, do Colégio de Dartmouth, Nova Hampshire, EUA, e um dos autores do estudo.
A equipe de cientistas analisou o tamanho e a estrutura das colônias de diferentes espécies de formigas, assim como a fisiologia e o uso de energia a nível de insetos individuais, e descobriram que o cérebro das formigas em colônias altamente organizadas é menor em relação ao tamanho do corpo do que em comunidades pouco organizadas.
O cérebro é o órgão mais complexo e que consome mais energia. Os autores acreditam que em grupos sociais de formigas, onde há uma clara divisão de responsabilidades e a tomada de decisões é entregue à mente coletiva, o cérebro do inseto diminuiu de tamanho para se tornar mais eficiente em termos de energia.
Embora as comunidades de formigas e humanos sejam diferentes em muitos aspectos, os pesquisadores acreditam que eles compartilham características sociais comuns, como a tomada de decisões em grupo, a divisão do trabalho e a produção compartilhada de alimentos.
No entanto, estas características surgiram nos humanos por volta da transição do Pleistoceno para o Holoceno, quando nossos ancestrais passaram de uma estrutura social baseada em clãs para uma estrutura social baseada em tribos.
"Sugerimos que esse encolhimento [do cérebro nos humanos modernos] tenha ocorrido devido a uma dependência crescente da inteligência coletiva, a ideia que um grupo de pessoas é mais inteligente do que a pessoa mais inteligente do grupo é frequentemente chamada de 'sabedoria das multidões'", diz outro pesquisador, dr. James Traniello, da Universidade de Boston, Massachussets, EUA.