Os EUA estão criando tensão militar com a China ao interferir na questão de Taiwan e usar a ilha como um instrumento de pressão sobre o gigante asiático, afirmou na sexta-feira (22) Pak Myong-ho, vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte.
"Os EUA usam Taiwan como uma ferramenta para pressionar a China e como um posto avançado para dominar a China em caso de emergência, embora superficialmente aderem à política de 'Uma só China'", disse o diplomata, citado pela agência norte-coreana KCNA.
Como exemplo das ferramentas usadas para esse objetivo, o ministro citou a venda de armamentos em valor de US$ 750 milhões (R$ 3,89 bilhões) ao território autogovernado, regido pela política "ilegal" do Ato de Relações de Taiwan, lei no país norte-americano desde 1979. Além disso, mencionou um "exercício militar conjunto em grande escala nas águas próximas a Taiwan" e militares dos EUA treinando as Forças Armadas de Taiwan.
"Taiwan é uma parte integrante da China. A questão de Taiwan, de A a Z, pertence aos assuntos internos da China", sublinhou Pak Myong-ho.
Segundo o alto responsável, "a ingerência indiscreta dos EUA na questão de Taiwan acarreta o perigo potencial de desencadear uma situação sensível na península coreana", e "os EUA devem ter em mente que sua interferência imprudente nos assuntos internos, sua tentativa de divisão e [a política de] dois pesos e duas medidas só levarão a consequências trágicas, levantando um machado para cair sobre seu próprio pé".
Na quinta-feira (21), depois de ser questionado se sua administração acorreria na ajuda militar a Taiwan em caso de ataque pela China, Joe Biden, presidente dos EUA, declarou que "temos o compromisso de fazê-lo".
Por sua vez, Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, disse na sexta-feira (22) que "nossa política [acerca de Taiwan] não mudou [...]. Ele não pretendia transmitir uma mudança na política, nem tomou a decisão de mudar nossa política".
Oficialmente, os EUA defendem a política de Uma Só China desde os anos 1970, em benefício da República Popular da China, mas mantêm ao mesmo tempo "ambiguidade estratégica" sobre o status de Taiwan.