Israel designou de terroristas seis grupos da sociedade civil palestina, anunciou na sexta-feira (22) o Ministério da Defesa do país, citado pela agência britânica Reuters.
As organizações, supostamente ligadas à Frente Popular para a Libertação da Palestina (PLFP, na sigla em inglês), incluem os grupos de direitos humanos Addameer e Al-Haq, que documentam violações de direitos tanto por Israel como pela Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.
A Frente Popular é uma organização de orientação marxista-leninista, com uma ala armada que tem realizado ataques mortais contra israelenses.
"As organizações declararam ter recebido grandes somas de dinheiro de países europeus e de organizações internacionais, usando uma variedade de falsificações e enganos", justificou o Ministério da Defesa de Israel.
"Essas organizações se apresentam como agindo para fins humanitários, no entanto, elas servem de cobertura para a promoção e o financiamento da Frente Popular", continuou o órgão.
A designação permite a Tel Aviv fechar os escritórios dos grupos, apreender seus ativos e prender seu pessoal na Cisjordânia, advertiram o Observatório dos Direitos Humanos (HRW, na sigla em inglês) e a Anistia Internacional em uma declaração conjunta, descrevendo a decisão como "uma escalada alarmante que ameaça encerrar o trabalho das mais proeminentes organizações da sociedade civil palestina".
Ao mesmo tempo, o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas nos territórios palestinos também referiu estar "alarmado" com a ação.
Menina usando máscara facial e faixa de cabeça da Frente Popular para a Libertação da Palestina (PLFP, na sigla em inglês) durante ato na cidade de Gaza, 12 de outubro de 2020
© REUTERS / Mohammed Salem
"A legislação antiterrorista não deve ser usada para restringir os direitos humanos legítimos e o trabalho humanitário", disse, acrescentando que alguns dos motivos apresentados parecem vagos ou irrelevantes.
"Estas designações são o mais recente passo de uma longa campanha estigmatizante contra estas e outras organizações, prejudicando a capacidade de realizar seu trabalho crucial", comunicou o Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas nos territórios palestinos.
A própria Addameer, e outro dos grupos, a Defesa de Crianças Internacional - Palestina, rejeitaram as acusações como uma "tentativa de eliminar a sociedade civil palestina", enquanto Kayed al-Ghoul, funcionário da PFLP, sancionado por terrorismo nos EUA e na União Europeia, não negou as ligações com os grupos visados e reconheceu a existência de relações com organizações da sociedade civil em toda a Cisjordânia e Gaza, mas não deixou de criticar a decisão.
"É parte da dura batalha que Israel está lançando contra o povo palestino e contra grupos da sociedade civil, a fim de esvaziá-los", afirmou.
Apesar da aliança com o país, os EUA não receberam aviso prévio da ação, e tentarão obter de Israel mais informações sobre os fundamentos da decisão, disse Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado, aos jornalistas.
"Acreditamos que o respeito pelos direitos humanos, as liberdades fundamentais e uma sociedade civil forte são criticamente importantes para uma governança responsável e adequada", apontou ele.