A administração Biden tem considerado uma declaração de "não uso inicial", o que descartaria a possibilidade de Washington lançar um ataque nuclear preventivo, visto como um formidável mecanismo dissuasor contra potenciais adversários, informa a agência Yonhap News.
Contudo, seus aliados têm apelado para o fortalecimento de garantias de segurança - ou dissuasão ampliada - ante uma Coreia do Norte ambiciosa, em termos nucleares, uma China cada vez mais assertiva, e uma Rússia ressurgente.
Reações de aliados dos EUA ante possível revisão de política nuclear
As dúvidas relativas aos compromissos de segurança dos EUA persistem, especialmente após a política "America First" (América Primeiro, na tradução) do ex-presidente Donald Trump, e o colapso do governo afegão apoiado pelo Ocidente seguido da retirada militar dos EUA do país.
"O que preocupa os aliados é que a dissuasão prolongada é um compromisso não obrigatório, e [ainda] não houve uma experiência histórica na qual os aliados foram protegidos pelo guarda-chuva nuclear dos EUA", explicou Park Won-gon, professor de Estudos Norte-Coreanos da Universidade Ewha Womans, na Coreia do Sul, citado pela mídia.
Sung Kim, representante especial dos EUA para a Coreia do Norte, fala em uma reunião em um hotel em Seul, Coreia do Sul em 21 de junho de 2021
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"Caso os EUA renunciem à opção de ataque preventivo ou mudem para uma política de propósito único, isso sugeriria que o nível de seus compromissos de segurança com os aliados enfraqueceria", acrescentou o professor, citado pela Yonhap News.
Os opositores da mudança da política nuclear norte-americana argumentam que os EUA devem manter sua posição de ambiguidade estratégica, mas sobre sua opção de primeira utilização, de modo a garantir que potenciais inimigos não chegem a considerar iniciar uma guerra com custos demasiado altos.
Porém, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano, disse no domingo (31) que o compromisso dos EUA com a provisão de dissuasão prolongada continua "sólido".
De igual modo, caso a revisão da política nuclear norte-americana siga em frente, é esperado que tal ato seja abordado em intensas consultas entre Washington e seus aliados.
Palavra-chave: desnuclearização
Enquanto que os EUA se debatem sobre a possibilidade de alterarem sua política nuclear, alguns de seus aliados na região da Ásia-Pacífico se apressam em tomar medidas relacionadas com sua segurança.
Nesta terça-feira (2), os principais enviados para assuntos nucleares da Coreia do Sul e do Japão realizaram conversações telefônicas, visando discutir medidas para o progresso dos esforços de desnuclearização, segundo a matéria.
Noh Kyu-duk, representante especial para assuntos de paz e segurança da Península Coreana, e seu homólogo japonês Takehiro Funakoshi, compartilharam suas avaliações sobre as situações de segurança regional e discutiram formas de alcançar uma paz duradoura, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores sul-coreano. As duas partes concordaram em trabalhar juntas para brevemente retomar o diálogo com a Coreia do Norte, acrescentou o órgão governamental.
Noh também teve uma videoconferência com seu homólogo chinês Liu Xiaoming, na segunda-feira (1°), e na semana passada, realizou uma chamada telefônica com Sung Kim, representante especial dos EUA para a Coreia do Norte.