Em conversa com apoiadores nesta quarta-feira (3), o presidente, Jair Bolsonaro, disse que a liderança indígena brasileira presente na COP26, representada por Txai Suruí, foi ao evento para "atacar o Brasil" e que em nenhuma outra nação as pessoas criticam seu próprio país, segundo a Folha de São Paulo.
"Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o [cacique] Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém viu o norte-americano criticando as queimadas lá no estado da Califórnia. É só aqui", queixou-se Bolsonaro, em frente ao Palácio da Alvorada.
O presidente não citou diretamente Suruí, mas a referência ficou clara a partir do momento que a jovem indígena fez história ao discursar na abertura da COP26, evento que reuniu diversos líderes como o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson e o presidente norte-americano, Joe Biden.
A ativista ressaltou os efeitos do aquecimento global e mencionou o assassinato de defensores do meio ambiente.
"Enquanto vocês estão fechando os olhos para a realidade, o guardião da floresta Ari Uru-Eu-Wau-Wau, meu amigo de infância, foi assassinado por proteger a natureza [...]. Os povos indígenas estão na linha de frente da emergência climática, por isso devemos estar no centro das decisões que acontecem aqui", declarou Suruí na conferência.
A mídia relembra que em 2019, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Bolsonaro criticou o cacique Raoni Metuktire, outra liderança indígena que não aprova seu governo.
"A visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia", afirmou o mandatário na ocasião.
O relatório mais recente da ONG Global Witness aponta que o Brasil é o quarto país com mais assassinatos de defensores ambientais.