A China poderá tomar a Base Aérea de Bagram no Afeganistão, que reunia dezenas de milhares de militares da OTAN durante sua ocupação do país entre outubro de 2001 e agosto de 2021, disse na sexta-feira (7) Donald Trump, ex-presidente dos EUA (2017-2021).
"Eles já não falam da retirada. Eles não falam disso de propósito. Foi tão mau que estava matando [Joe Biden, presidente dos EUA]. Dois, três dias depois de terminar, eles deixaram até de o mencionar", afirmou Trump à emissora Fox News, acrescentando que se ainda fosse presidente, ele não largaria a posse de Bagram e da Instalação de Detenção de Parwan dentro dela, que tem milhares de prisioneiros jihadistas.
"Nós teríamos ficado com Bagram, pois se encontra junto da China, e está a uma hora de sua instalação nuclear, e a demos também. Agora a China vai tomar conta de Bagram, na minha opinião", continuou, apesar de a fronteira com a China estar a 525 km de distância, e a usina nuclear chinesa de Fangchenggang, a mais próxima do local, estar mais de 4.000 km para o sudeste do Afeganistão.
De acordo com Trump, se ele ainda fosse presidente dos EUA, a retirada ainda aconteceria, mas decorreria de maneira diferente.
"Nós teríamos retirado todas as pessoas, teríamos levado todo o nosso equipamento, não teríamos soldados sem mãos e pés", comentou, em referência a 13 militares dos EUA e muitos outros feridos em um ataque terrorista de agosto pelo EI-K, um ramo do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) que atua no Afeganistão e Paquistão, durante a retirada de civis afegãos e militares da OTAN no aeroporto de Cabul, Afeganistão.
Policial afegão de guarda na Base Aérea de Bagram, Afeganistão, após partida de todas as tropas da OTAN, 5 de julho de 2021
© AFP 2023 / Wakil Kohsar
"Estava na hora de sair, mas a forma como [Biden] saiu foi um desastre tão grande", resumiu Donald Trump, e culpou os generais, "que nunca deviam ter deixado isso acontecer".
Logística de retirada do Afeganistão
Em setembro Kenneth McKenzie, comandante do Comando Central dos EUA, e Mark Milley, chefe de Estado-maior, contaram ao Congresso do país norte-americano que planejavam deixar um mínimo de 2.500 militares permanentemente no Afeganistão para assegurar as operações militares de Washington, mas que a administração Biden recusou a ideia por temer que o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) retomasse os ataques aos militares.
Os EUA e o Talibã assinaram em fevereiro de 2020, em Doha, Catar, que previa a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão até final de abril, mas a entrada em poder da administração Biden em janeiro de 2021 resultou em uma mudança nos planos, que a adiou até um prazo limite de 11 de setembro de 2021, data do 20º aniversário dos ataques terroristas em Nova York, EUA, que levou diretamente à invasão do país asiático.
Trump tem condenado a forma como os EUA saíram do Afeganistão desde a retirada das tropas de Washington e da OTAN do país.