Frank Herbert escreveu "Duna" em 1965 e descreveu o planeta fictício Arrakis, com terras áridas pouco povoadas e onde a temperatura atinge 70 ºC, sem chuva natural ou massas de água de superfície.
Os livros foram lançados dois anos antes de o vencedor do Prêmio Nobel, Syukuro Manabe, publicar o primeiro modelo climático.
Usando os detalhes descritos do planeta, pesquisadores da Universidade de Bristol e Universidade de Sheffield, ambas no Reino Unido, criaram modelos para analisar se Arrakis poderia hospedar vida humana.
"Decidimos manter as mesmas leis físicas fundamentais que regem o tempo e o clima aqui na Terra", disseram os especialistas.
Os modelos incluem a topografia do planeta e sua órbita ao redor de sua estrela hospedeira. A maior diferença entre Arrakis e a Terra é a concentração de ozônio, que na Terra é de 0,000001% na baixa atmosfera, enquanto em Arrakis é de 0,5%.
Modelo 3D de simulação de Arrakis.
Nos livros, o planeta é composto por terras desertas e rochosas, com melhor clima nas regiões polares. No entanto, os modelos climáticos dos pesquisadores não correspondem às descrições dos livros.
Os cientistas sugerem que as temperaturas extremas poderiam ocorrer nas latitudes médias e regiões polares, onde segundo os livros o clima é melhor.
"Aqui o verão pode ser tão quente até 70 ºC na areia", revelaram os especialistas. A temperatura no inverno pode atingir até -40 ºC nas latitudes médias e até -75 ºC nas regiões polares.
Quanto à precipitação, os livros informam que nunca chove em Arrakis, mas os modelos climáticos mostraram que o planeta poderia ter chuvas pequenas.
Para determinar se os humanos poderiam sobreviver em Arrakis, os pesquisadores assumiram que os personagens do universo de "Duna" têm a mesma tolerância térmica dos humanos modernos.
"Se for esse o caso, então, ao contrário dos livros e do filme, parece que os trópicos seriam a área mais habitável", segundo os cientistas.