Em 1921, no 100º aniversário de Dostoiévski, na revista literária soviética Imprensa e Revolução foi publicado um material em que afirmava que tudo do que falou o escritor se tornou realidade e que, mesmo após décadas, ele permanece atual.
Passaram mais 100 anos, mas as questões e problemas colocados em suas obras ainda são atuais. Ele previu vários acontecimentos, como cenários da queda de impérios ou o estilo dos assassinatos políticos, segundo a pesquisadora principal da vida e obra de Dostoiévski, Lyudmila Saraskina.
Cinco seus grandes romances ("Crime e Castigo", "Os Irmãos Karamazov", "O Idiota", "O Adolescente" e "Os Demônios") são considerados um reflexo destes dois séculos. Sua realidade permanece em aberto e muitos eventos e metamorfoses ainda estão por acontecer.
Reprodução de retrato de Fiódor Dostoiévski
© Sputnik / Olga Ignatovich
Dostoiévski morreu em 9 de fevereiro de 1881, um mês antes do ataque terrorista contra o tsar Aleksandr II, o Libertador. No livro "Os Demônios" ele descreveu uma organização niilista e terrorista, que reconhece o assassinato como meio legítimo para alcançar objetivos políticos.
A visão de Dostoiévski, sua capacidade de previsão, colocando os eventos ocorridos em uma realidade futura, é incrível. Ele conhecia os resultados de acontecimentos atuais detalhadamente. A vida nos livros dele, com seus escândalos políticos, absurdos dolorosos, caos e anarquia, se tornou uma rotina.
A obra "Crime e Castigo" explica as ideias do chamado "assassinato teórico", que é cometido não por ganância, ciúme ou vingança, mas por uma "teoria", um "pensamento".
A destruição de conceitos básicos morais e espirituais, a rejeição de todas as normas, leis e proibições, o triunfo da imoralidade, a liberdade da violência, o exílio da verdade, todos estes fenômenos combinados com a atualidade refletida nas obras de Dostoiévski formam uma catástrofe antropológica.
Casa-Museu de Dostoiévski
No dia do aniversário do escritor, o presidente russo Vladimir Putin visitou sua casa-museu renovada, observando as exposições dedicadas à biografia e obras do escritor.
Presidente russo Vladimir Putin e a ministra da Cultura Olga Lyubimova na casa-museu de Fiódor Dostoiévski, Moscou, Rússia, 11 de novembro de 2021
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/ O museu foi inaugurado em 1928 no apartamento de Moscou onde Dostoiévski viveu de 1823 a 1837. A instalação nunca foi remodelada, e as paredes, fornos e tetos estão preservados como eram durante a vida do escritor. O interior histórico foi recriado em 1980 com base na autobiografia do irmão mais novo de Dostoiévski.