O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, exortou a França a agir em relação à crise migratória, após Londres ter assistido a um número recorde de chegadas diárias de imigrantes ilegais nesta semana.
Segundo o Home Office (Ministério do Interior do Reino Unido), cerca de 1.185 pessoas atravessaram o Canal da Mancha da França para o Reino Unido só na quinta-feira (11), pelo que Johnson apontou que as autoridades francesas não estão dispostas a lidar devidamente com a questão.
"Eles estão chegando da França [...] Afinal, se os franceses não quiserem ou não puderem controlar essas partidas, é muito difícil para nós fazer essas pessoas voltar para trás, ao mar [...] Queremos fazer isso de uma forma humana e segura, mas é muito difícil. O que eu diria a nossos amigos franceses é que, se eles fecharem a porta do corredor no extremo oposto, as pessoas não entrarão no corredor no outro extremo. Temos que impedir a entrada de pessoas na França que estejam vindo para o Reino Unido", disse o premiê britânico.
A deputada Natalie Elphicke, representando a cidade de Dover, disse não entender como mais de mil migrantes possam "pular em pequenas embarcações" e chegar ao Reino Unido "sem que as autoridades francesas percebam".
Conforme escrevem os meios de comunicação britânicos, a última chegada de refugiados elevou seu número para mais de 23.500 neste ano.
No mês passado, a ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, advertiu que, se Paris não fizer mais para impedir o fluxo de refugiados, Londres reterá os £ 54 milhões (cerca de R$ 395,5 milhões) que havia prometido pagar à França como parte de seu acordo para combater a imigração ilegal.
Por sua vez, as autoridades britânicas acreditam que a reforma do sistema imigratório do país poderia resolver o problema. Boris Johnson informa que a nova lei fará distinção entre as pessoas que chegaram ao país legal e ilegalmente. Segundo as novas regras, os indivíduos que chegam ao país ilegalmente, incluindo os que chegam de barco, não terão mais o direito de pedir asilo no Reino Unido.
Contudo, esta reforma poderá enfrentar fortes debates no parlamento, uma vez que já provocou a oposição tanto dos parlamentares quanto das organizações de direitos humanos.