Na segunda-feira (15), o Kiribati suspendeu o fechamento à pesca comercial na maior reserva marinha do mundo, a Área Protegida das Ilhas Phoenix.
Em um comunicado, o governo declarou mais tarde que aplicou o Planejamento Espacial Marinho para usar os recursos marinhos da PIPA de forma sustentável.
O Kiribati proibiu a pesca na PIPA em 2006, com a garantia de que seus parceiros internacionais os compensariam pela perda de receita (70% da receita total da ilha) por meio do estabelecimento de um truste.
"É muito claro que a lógica da política de desenvolvimento no início [da zona proibida], por mais inovadora e bem-intencionada que seja, não será suficiente para atender às necessidades atuais do povo de Kiribati e às necessidades de desenvolvimento do país para o futuro," explicou o governo do Kiribati sobre a intenção por trás da suspensão do fechamento à pesca, citado pela AFP.
Segundo relatos, o governo do Kiribati pretendia ganhar mais de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) por ano em licenças de pesca de atum. As economias dos países insulares do Pacífico tiveram um crescimento significativo neste cenário e um grande salto nas exportações de frutos do mar para países como Japão, Tailândia, Filipinas, China e Estados Unidos.
Dados do Banco de Desenvolvimento da Ásia (ADB na sigla em inglês) mostram que países do Pacífico como Fiji exportaram frutos do mar em valores na ordem de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão), Papua Nova Guiné – US$ 470 milhões (R$ 2,5 bilhões), Vanuatu – US$ 108 milhões (R$ 589 milhões) e Ilhas Salomão – US$ 101 milhões (R$ 551 milhões).
Uma vez dominadas pelos EUA e Japão, as atividades pesqueiras da região tiveram um salto de mais de 500% na frota da China no Pacífico desde 2012, sugerem os dados da Comissão de Pesca do Pacífico Ocidental e Central. Cerca de metade do total de 1.300 navios estrangeiros licenciados para pescar na área são chineses.
Em 21 de outubro, a China realizou a primeira reunião de ministros das Relações Exteriores com os países insulares do Pacífico, dizendo que "continuará apoiando e ajudando os países insulares do Pacífico como puder no desenvolvimento econômico e melhoria de meios de subsistência".
O portal 1 News da Nova Zelândia relatou no início desta semana que o Kiribati pode suspender a restrição sob influência da China. No entanto, na segunda-feira (15) o Kiribati refutou categoricamente as acusações, dizendo que essas suposições são "extremamente enganosas, grosseiramente imprecisas e exibem as narrativas hipócritas usuais impulsionadas por percepções neocoloniais".
Taneti Maamau, presidente do Kiribati, que tem menos de 120 mil habitantes, já havia permitido que a China desenvolvesse atividades agrícolas em 22 quilômetros quadrados de terras em Fiji, compradas por Tarawa em 2014. Maamau havia encerrado o reconhecimento de Taiwan em 2019 em favor do restabelecimento de laços diplomáticos com a China; desde então, a relação entre Pequim e Tarawa tem se expandido rapidamente.
A China contribuiu com mais de US$ 10 milhões (R$ 54 milhões) em ajuda a Kiribati neste ano, o dobro da alocação anual de Taiwan. No início de maio, a Reuters informou que a China planeja reconstruir Kanton, uma das ilhas de Kiribati, que fica 1.600 milhas náuticas a sudoeste do Havaí, com uma pista de pouso e pontes. O Havaí abriga o Comando do Pacífico dos EUA e a base naval de Pearl Harbor. Pequim logo esclareceu que os reparos eram para uso civil, já que a ilha já havia sido um centro turístico.