A falta de reservas de gás na Europa pode levar a grandes interrupções no fornecimento de energia ao continente, crê Jeremy Weir, diretor do Trafigura, uma das maiores comerciantes de mercadorias do mundo.
"Francamente, nós não temos gás suficiente. Nós não estamos guardando o suficiente para o período de inverno [europeu], por isso há uma verdadeira preocupação que [...] se tivermos um inverno frio, que possamos ter apagões em sequencia na Europa", declarou ele na cúpula Mercadorias da Ásia do Financial Times, citado na terça-feira (16) pelo jornal The Telegraph.
O gás é de importância fundamental para a geração de energia na Europa. No Reino Unido mais de 22 milhões de domicílios estão ligados à rede de gás, e 38% de todo o gás comprado no país foi destinado ao aquecimento das casas, enquanto 29% foi usado para a produção de eletricidade, e mais 11% para as necessidades industriais e comerciais.
As empresas de eletricidade britânicas têm sentido dificuldades em meio ao crescente preço mundial do gás, com algumas já declarando não poder cumprir todo o fornecimento aos clientes.
Na terça-feira (16) os preços do gás na Europa ultrapassaram pela primeira vez desde o final de outubro os US$ 1.100 (R$ 6.052,64) por 1.000 metros cúbicos, depois que a reguladora da Alemanha parou a certificação do consórcio Nord Stream 2 AG como operador independente do gasoduto russo Nord Stream 2.
Vários países ocidentais têm acusado a Rússia de cortar fornecimento de energia à Europa, mesmo com uma crise energética semelhante ocorrendo em outras partes do mundo, como no Brasil e na China, e apesar de alguns países europeus obterem a maior parte de seu fornecimento de outros países que não a Rússia. Moscou garante que cumpre todos os contratos assinados, com a empresa estatal de gás Gazprom anunciando periodicamente subidas no fornecimento aos países europeus.