Referindo-se à crise migratória na fronteira entre Polônia e Belarus, ele declarou que Varsóvia entrega-se a devaneios, enquanto Bruxelas, por sua vez, aplica duplo padrão e coloca-se em uma posição embaraçosa.
Segundo Lavrov, uma das metas do lado polonês é impedir que as suas ações se tornem públicas.
De acordo com chanceler russo, anteriormente, durante a onda de migrantes no Mediterrâneo e nos Bálcãs, a União Europeia tentou resolver estas questões coletivamente.
"Neste caso, em primeiro lugar, a Polônia age de maneira desatinada, enquanto a liderança em Bruxelas aplica duplo padrão tão aberta e descaradamente que ela mesma não entende que se coloca em uma posição muito embaraçosa", comentou Lavrov.
"Comportamento absolutamente inaceitável do lado polonês. Acho que tanto [o uso] de gás lacrimogêneo e canhões d'água quanto tiros sobre as cabeças dos migrantes que vão em direção ao Estado de Belarus, tudo isso, reflete a vontade de ocultar as suas ações. E eles não podem deixar de entender que violam todas as normas concebíveis do direito humanitário internacional e de outros acordos da comunidade internacional. É claro que eles entendem tudo isso", notou.
Além do mais, o chefe da diplomacia russa chamou de falsas as afirmações do presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, que os migrantes chegam a Belarus via Moscou.
"Com todo o respeito pelos presidentes de Estados soberanos, não quero comentar estas falsas alegações, que já não são ditas pela primeira vez, e não apenas neste caso: 'Moscou está por atrás de tudo, em toda a parte se vê a mão de Moscou'. Mas nem um único fato é apresentado", ressaltou Lavrov.
Chanceler declarou também que Rússia está pronta para ajudar a resolver a crise migratória na fronteira entre Belarus e os países da UE.
"Como sabem, estamos fazendo tudo para ajudar a resolver esta crise. Representantes de vários países da UE, incluindo a Alemanha e França, conversaram com o presidente Putin. Ontem houve uma conversa telefônica com o presidente francês Macron. Recebemos pedidos de prestar assistência, e estamos prontos a fazê-lo", salientou Lavrov.
Uso de canhões d'água
De acordo com a edição de 2020 do Guia do Alto Comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos sobre o uso de armas menos letais em aplicação da lei, os canhões d'água devem apenas ser usados em situações de desordem pública grave onde existe uma probabilidade de violência que possa causar perda de vidas, ferimentos graves ou destruição generalizada de propriedade.
A fim de cumprir os requisitos de necessidade e proporcionalidade, o uso de canhões d'água deve ser cuidadosamente planejado e gerido com comando e controle rigoroso de um nível mais alto.
Os canhões d'água não devem ser usados contra pessoas em posições elevadas, onde existe risco de ferimentos secundários significativos. Alguns canhões d'água são indiscriminados em seus efeitos, porque não são capazes de atingir indivíduos com precisão.