Realizado entre os dias 4 e 5 de novembro, o leilão do 5G no Brasil movimentou R$ 47,4 bilhões, e agora, chegou a hora das operadoras que arremataram os lotes começarem a instalar as tecnologias previstas nos editais pelas capitais brasileiras.
De acordo com a Folha de São Paulo, a Huawei já negocia com praticamente todas essas empresas para aquisição de equipamentos para essa implementação, e isso aconteceria por um motivo: a crise hídrica.
Segundo a mídia, a escassez de água fez o preço da energia elétrica atingir um dos patamares mais elevados, e nesse cenário, a Huawei se tornou um importante atrativo, uma vez que apresenta uma diferença ante outras empresas, como a Nokia e a Ericsson (que possuem a mesma tecnologia): o baixo custo de manutenção, que chega a cair 40%.
A companhia chinesa está no centro de uma disputa geopolítica entre os EUA e a China, a qual ficou bastante evidenciada na visita feita pelo conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, Jake Sullivan, ao Brasil em agosto.
Durante sua passagem, Sullivan disse que o Brasil poderia receber o status de parceiro global da OTAN se abandonasse as tecnologias 5G chinesas fornecidas pela Huawei, conforme noticiado.
No entanto, a mídia reforça que as operadoras estão mesmo considerando adquirir tecnologia da gigante asiática, já que negociadores afirmaram que, somente no quesito economia de energia, o custo final da operação sairá 30% mais barato com a Huawei do que com qualquer outro fornecedor.
De 5,5 mil cidades, apenas 28 estão prontas para o 5G
Segundo o edital, as operadoras precisam fazer com que toda implementação da tecnologia aconteça de forma integral até julho de 2022, entretanto, as cidades brasileiras não estão, em sua maioria, prontas para receber tal tecnologia, uma vez que apenas 28 municípios dos mais de 5,5 mil existentes no país têm legislação adequada às antenas 5G.
De acordo com O Globo, a regulamentação para antenas é de alçada urbanística, das prefeituras, mas vários estados copiaram o modelo adotado pelo legislativo do Rio de Janeiro e estão aprovando regramentos em suas assembleias para servir de referência e acelerar a tramitação nas câmaras municipais.
Usuário usa celular para testat velocidade da conexão, 4 de novmembro de 2021
© Folhapress / Luis Lima Jr
Mato Grosso, Goiás, Minas, Santa Catarina, Paraná adotaram esta estratégia recentemente e o projeto do Rio Grande do Sul deve ser protocolado na próxima semana, segundo a mídia.
O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), Luciano Stutz, relata que as legislações sobre redes no Brasil são antigas, e que se as mesmas não forem modernizadas, corre o risco de vários lugares ficarem sem cobertura 5G.
"As legislações são antigas, feitas para o 2G ou 3G, para evitar a instalação daquelas várias torres enormes que eram as antenas antigas, uma para cada operadora. Há municípios que proíbem instalação perto de postos de saúde ou escolas, outros que exigem um local com avenidas muito largas. Se a legislação não for modernizada, teremos várias áreas de sombra [sem cobertura] para o 5G", afirmou Stutz citado pelo jornal.
A mídia também aponta para outra questão, que envolve o sinal anterior, o do 4G. De acordo com o edital, as empresas precisam desenvolver uma cobertura da rede 4G em 31 mil quilômetros de rodovias pelo país, mas muitos municípios não têm legislação adequada sequer para antenas 4G.
Segundo O Globo, projeções iniciais da área técnica da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) apontam que a venda de pacotes 5G só terá sucesso em cerca de 60 cidades do país.