A ONU advertiu que o sistema bancário do Afeganistão poderá colapsar em breve, disse na segunda-feira (22) a agência britânica Reuters citando um relatório não publicado da organização.
De acordo com o relatório, elaborado na segunda-feira (21) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP, na sigla em inglês), a saída abrupta de todo o apoio ao desenvolvimento no país depois que o Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista) assumiu o poder em 15 de agosto, levou a uma queda vertiginosa da economia afegã.
"Os sistemas financeiro e de pagamentos bancários estão em desordem. O problema de corrida aos bancos tem de ser resolvido rapidamente para melhorar a capacidade de produção limitada do Afeganistão e prevenir o colapso do sistema bancário", segundo o relatório do UNDP, que avisa que o sistema financeiro pode cair dentro de meses. Os bancos afegãos têm imposto limites semanais para levantamento de depósitos.
O mesmo disse Abdallah al Dardari, diretor do UNDP no Afeganistão, à Reuters: é necessário apoiar o sistema bancário do país asiático sem ajudar o Talibã.
"Estamos em uma situação tão terrível que devemos pensar em todas as opções possíveis, e temos de pensar fora da caixa. O que era impensável há três meses tem de ser pensável agora", apontou ele.
Propostas das Nações Unidas
Para remediar a situação, o UNDP sugere criar um esquema de seguros dos depósitos, medidas para assegurar liquidez para necessidades de curto e médio prazo, garantias de crédito e opções para atrasar o pagamento de empréstimos, em cooperação com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
Se o sistema bancário não for salvo, poderá demorar décadas a reconstruir, nota o UNDP.
O UNDP tem advertido, desde a tomada de poder pelo Talibã, que a economia do Afeganistão está à beira do colapso, o que pode acentuar a crise de refugiados e levar à fome.
China exorta ao descongelamento dos ativos afegãos
A China, por sua vez, exortou os EUA a liberar os depósitos do Afeganistão imediatamente, referindo que, caso contrário, a crise humanitária no país será agravada.
"Sanções unilaterais, e especialmente o congelamento dos ativos no exterior do Afeganistão, são punição coletiva para todo o povo afegão, o que exacerba a catástrofe humanitária no país", comentou Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, acrescentando que os ativos congelados não devem ser usados como moeda de troca para ameaças e intimidação, e devem ser retornados aos seus verdadeiros donos o mais rápido possível.
Zhao também sublinhou a necessidade de reforçar a cooperação e coordenação para oferecer apoio e assistência oportunos ao Afeganistão.
"A China, sendo um vizinho amigável e um amigo leal do Afeganistão, oferece assistência na reconstrução pacífica e no desenvolvimento econômico do país dentro da estrutura de suas capacidades", adicionou.
Em setembro, Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, anunciou que Pequim decidiu oferecer apoio urgente de 200 milhões de yuans (R$ 175,7 milhões) em assistência, principalmente de comida, bens de inverno, vacinas contra a COVID-19 e medicamentos.