Em entrevista à Folha de São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), disse que seu plano para se reeleger no comando da Casa não depende da vitória do presidente da República, Jair Bolsonaro, em 2022.
"A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra". Em seguida, o jornal pergunta se Lira precisa que o atual mandatário vença as eleições para ele se reeleger: "Não, absolutamente. [...] É determinante o apoio do governo? É. Às vezes um governo se elege e quer ter um candidato, e ajuda, mas não só isso. Muitos governos foram derrotados nas suas iniciativas, inclusive recentemente".
Lira ainda comentou sobre os movimentos de Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado, no sentido de acordos que Pacheco estaria deixando de cumprir, e afirmou que a pré-candidatura do colega à presidência pode interferir na função hoje ocupada por ele.
"Em uma visão muito própria, eu acho que uma função interfere na outra [...]. Nós tínhamos um acordo com relação ao imposto de renda que até hoje não foi honrado. Tínhamos até 15 de outubro para que o Senado apreciasse essa matéria e nós votássemos o Refis, em uma troca de figurinha. Eu vou votar o Refis, eu geralmente cumpro os meus acordos", declarou Lira.
O presidente Jair Bolsonaro ao lado dos presidentes da Câmara, deputado Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco 3 de fevereiro de 2021
© Folhapress / Pedro Ladeira
O presidente da Câmara também negou a existência de esquema de compra de votos a partir da dinâmica de "orçamento secreto", e defendeu que a discussão de emendas parlamentares é o assunto em alta da vez, como "foi a cloroquina, máscaras e vacinas".
"Isso é um absurdo. Criminalizar emenda, eu sempre vou bater de frente. Tenho 30 anos de mandato e sei as alterações dessas emendas na vida das pessoas, em municípios pobres. Essa é uma discussão que está na bola da vez, como foi cloroquina, a máscara, a vacina, a crise hídrica, energia, o dólar".
19 de novembro 2021, 17:12
Complementando, Lira diz que "o Brasil está num ritmo de perenização de crise. Antes era normal administrar a cada três meses, hoje estamos administrando uma a cada semana" e que dessa forma o país "está se acostumando" com esse jeito de governar.