Ministério da Saúde local disse em comunicado que clínicas da capital das Ilhas Salomão, Honiara, foram fechadas e apelou para que os residentes evolvidos em protestos e tumultos parassem imediatamente.
O clima no país é de tensão desde a decisão do governo local de romper laços com Taiwan e se aproximar do governo chinês, relatou o jornal The Guardian nesta sexta-feira (26). A decisão, tomada em 2019, teve repercussão internacional e gerou desentendimento entre líderes locais.
Policiais nas estradas da capital das Ilhas Salomão, Honiara, após protestos no país, 26 de novembro de 2021
© AP Photo / Piringi Charley
Anteriormente nesta semana, o primeiro-ministro das Ilhas Salomão, Manasseh Sogavare, pediu ajuda à Austrália para lidar com protestos violentos dos últimos três dias no país e colocou a culpa pelos mesmos na interferência internacional, contudo, sem especificar de que países.
O governador da província de Malaita, Daniel Suidani, disse que Sogavare "elevou interesses de estrangeiros sobre os dos residentes das Ilhas Salomão" e deve se demitir.
Em resposta, Sogavare disse "lamentar" que as pessoas de Malaita fossem "alimentadas com mentiras deliberadas e falsas". Ele frisou também que, no momento, "os países que estão influenciando Malaita são os países que não querem laços" com a China, segundo Reuters.
De acordo com testemunhas, dezenas de policiais australianos estão trabalhando em conjunto com forças locais para conter as movimentações violentas em Honiara. A decisão de enviar policiais e militares australianos foi tomada na quinta-feira (25). A parceria entre as Ilhas Salomão e Austrália é reflexo da ajuda australiana, entre 2003 e 2017, na chamada Missão de Assistência Regional para as Ilhas Salomão, que restaurou a ordem político-social no país, e do tratado de segurança assinado em 2017.
Em entrevista à emissora ABC News, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison justificou que a intervenção policial é para manter a estabilidade no país, e não tomar partido.
"O governo australiano não tem intenção de intervir em assuntos internos das Ilhas Salomão, isto é um problema para eles resolverem", explicou Scott Morrison.
A segunda residência de Sogavare foi incendiada, mas o primeiro-ministro não se encontrava na casa. O governo local informou também que manifestantes invadiram prédios parlamentares e atearam fogo em delegacias e comércios locais. Desde quarta-feira (24) Sogavare instaurou o toque de recolher na capital para tentar controlar as manifestações.