As negociações do acordo nuclear com o Irã devem parar imediatamente, exortou na quinta-feira (2) Naftali Bennett, primeiro-ministro de Israel, citado pela agência britânica Reuters.
"Irã está realizando chantagem nuclear como tática de negociação, e isso deve ser respondido com a imediata cessação de negociações e a implementação de passos duros pelas potências mundiais", comunicou o escritório do premiê israelense, referindo uma afirmação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre os níveis de enriquecimento de urânio atingidos por Teerã.
Um funcionário israelense teria dito que Bennett referiu suas preocupações com o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês) em uma conversa com Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, dizendo que a implementação do acordo significaria "o grande fluxo de fundos ao regime iraniano".
A AIEA anunciou na quarta-feira (1º) que o Irã começou a enriquecer urânio até 20% de pureza com uma cascata de 166 máquinas avançadas IR-6 na usina de Fordow.
Na segunda-feira (29) recomeçaram em Viena, Áustria, as discussões sobre o acordo nuclear entre o Irã e as partes originais do JCPOA, assinado em 2015. As negociações pararam por meses depois de 20 de junho, após a eleição presidencial iraniana que levou à vitória de Ebrahim Raisi.
O JCPOA foi assinado em julho de 2015 pela Alemanha, China, EUA, França, Irã, Reino Unido, Rússia e União Europeia, tendo o objetivo de prevenir um eventual uso de urânio para Teerã construir armas nucleares em troca da retirada de sanções ao país. Depois de os EUA saírem do acordo em 2018, Washington reimpôs sanções ao país persa, levando o último a se afastar dos termos do acordo.
Israel, por sua vez, tem se oposto a qualquer acordo com Teerã, afirmando que se trata de um embuste por parte do governo iraniano para obter o cancelamento das sanções e prosseguir simultaneamente com o desenvolvimento de armas nucleares.