Ciência e sociedade

Maior cometa já observado pode revelar enigmas sobre formação do Sistema Solar, segundo estudo

C/2014 UN271, batizado de Bernardinelli-Bernstein, tem cerca de 100 quilômetros de diâmetro, quando a maioria dos cometas não ultrapassa um quilômetro.
Sputnik
Um novo estudo realizado por uma equipe de cientistas da Universidade de Maryland (EUA) e publicado no The Planetary Science Journal, aponta que o megacometa C/2014 UN271 está entre os mais distantes cometas ativos já detectados com envelope de poeira e vapor conhecido como "coma", causado pela vaporização do gelo de seu núcleo.
O C/2014 UN271 ou Bernardinelli-Bernstein (BB), como foi batizado, foi descoberto em junho de 2020 e é o maior cometa já encontrado, com 100 quilômetros de diâmetro.
Os autores da descoberta capturaram o núcleo brilhante do corpo celeste, mas devido à baixa resolução das imagens, o envelope de poeira e vapor que se forma quando o cometa é ativado não pôde ser revelado. Até agora, apenas um desses objetos ativos foi observado mais longe do Sol, em um tamanho muito menor do que BB.
A nova pesquisa sugere que BB foi ativo muito antes do que se pensava. O fato ajudaria os astrônomos a determinarem do que é feito o megacometa ao mesmo tempo que fornece informações sobre a formação do Sistema Solar.
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'Bolas de neve sujas'

Saber quando um cometa se ativa é a chave para entender sua composição. Chamados frequentemente de "bolas de neve sujas", cometas são remanescentes do início do Sistema Solar composto de gelo, poeira e rochas.
Na medida em que estes corpos celestes se aproximam do Sol, o gelo em seu núcleo se transforma em gás, formando um envelope, ou "coma". Mais distante do Sol do que o planeta Urano, BB, diferentemente da maioria dos cometas, tem diâmetro 100 vezes maior que a média e está bem mais distante de nossa estrela.
Para estudá-lo em detalhes, pesquisadores da Universidade de Maryland combinaram milhares de imagens do megacometa capturadas entre 2018 e 2020 pelo satélite pesquisador de exoplanetas em trânsito. Através desta nova técnica foi possível melhorar o contraste e obter uma visão mais clara do cometa, permitindo ver até mesmo o seu envelope.
O tamanho de C/2014 UN271 e sua distância do Sol sugerem que o gelo em seu núcleo é composto principalmente de monóxido de carbono. Como o monóxido de carbono pode começar a vaporizar a distâncias até cinco vezes mais distantes do Sol do que quando um cometa é descoberto, é provável que Bernardinelli-Bernstein já estivesse ativo muito antes de sua descoberta.
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