Na quinta-feira (2), em entrevista para o programa Conversa com Bial, o deputado federal, Marcelo Freixo (PSB), afirmou que a candidatura do ex-ministro, Sergio Moro (Podemos), tem a capacidade de atrapalhar outros candidatos da terceira via na disputa das eleições 2022, uma vez que o ex-juiz representa o "bolsonarismo sem Bolsonaro".
"Não acho que Moro seja uma terceira via. Ele, inclusive, a inviabiliza, atrapalha demais e pode tornar inviável qualquer candidato da terceira via. [...] A candidatura do Moro é uma tentativa de ter todo o bolsonarismo sem Bolsonaro", afirmou Freixo.
Na visão do deputado federal, líder da minoria na Câmara dos Deputados, a trajetória de Moro como juiz foi "parcial" e afetou negativamente a Justiça brasileira.
"[Moro] fez muito mal ao Judiciário. Um juiz que foi parcial, influenciou numa eleição de maneira indevida, se beneficiou disso, virou ministro e depois candidato. Às vezes a gente fica procurando experiências autoritárias em países vizinhos e essas experiências estão muito mais perto do que imaginamos."
Em junho, Freixo deixou o PSOL e seguiu para o PSB. Na época, o parlamentar disse que via no novo partido uma chance de derrotar o bolsonarismo com uma frente mais ampla, conforme noticiado.
Indagado se apoiará com o PSB a candidatura do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, Freixo disse que sim, desde que Lula concorde em realizar "amplas" alianças.
"O PSB provavelmente estará no palanque de Lula. Esse debate está sendo feito e a gente espera que esse palanque seja amplo, que dialogue com temas que estamos dizendo que são fundamentais do século XXI", disse.
No entanto, o parlamentar aproveitou para fazer uma pequena análise sobre o possível vice de Lula – que tem sido ventilado na imprensa nas últimas semanas – o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
"Lula é o palanque que a gente tende a estar, mas o [Geraldo] Alckmin tem situação diferente."
Se o ex-governador, que está de saída do PSDB, poderia migrar para o PSB, Freixo não vê a suposta filiação como "um quadro natural", mas que seria considerado caso sua entrada na legenda possibilite "uma aliança mais ampla".
"Alckmin não é um quadro que viria naturalmente para o PSB. Ele é um gesto do partido para possibilitar uma aliança mais ampla e precisa ser reconhecido assim: com o PSB abrindo mão de seus quadros para trazer alguém que dialogue com setores que seriam decisivos para vencer a eleição e, também, para governar com mais segurança", declarou.
Por fim, o deputado confirmou que será candidato ao governo do estado do Rio de Janeiro nas próximas eleições, e que o faz "por amor ao estado" e "para o salvar das milícias que estão acabando com a região".