Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, informou que o governo de Joe Biden, presidente dos EUA, não enviará representantes aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim, China.
"A administração Biden não mandará qualquer representação diplomática ou oficial para as Olimpíadas de Inverno e Jogos Paralímpicos de 2022 em Pequim, dado o genocídio e crimes contra a humanidade em curso em Xinjiang pela RPC [República Popular da China] e outros abusos de direitos humanos", disse a representante norte-americana na segunda-feira (6).
"Os atletas na equipe dos EUA terão nosso total apoio. Estaremos os apoiando 100%, torcendo por eles de casa, mas não vamos contribuir para a fanfarra dos jogos", comentou Psaki.
Ela detalhou os motivos da decisão.
"Uma representação diplomática ou oficial dos EUA trataria estes jogos 'como de costume', ante os flagrantes abusos de direitos humanos e atrocidades em Xinjiang pela RPC, e nós simplesmente não podemos fazer isso", explicou a porta-voz.
"Como o presidente já disse ao presidente Xi [Jinping], defender os direitos humanos está no DNA dos americanos. Temos um compromisso fundamental com a promoção dos direitos humanos, nos sentimos decididos em nossa posição e continuaremos empreendendo ações para promover os direitos humanos na China e mais além", apontou ela.
Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, também instou a realizar um boicote britânico ao evento, provocando críticas por parte de Wang Wenbin, porta-voz da chancelaria da China, que descreveu isso como tentativa de politização do esporte. Ao invés, ele defendeu que os Jogos de Inverno devem destacar os jogadores e condenou a retórica dos EUA como contrária ao espírito da Carta Olímpica. Wenbin referiu que Pequim não convidaria políticos ocidentais que apelaram ao boicote.
18 de novembro 2021, 17:28
Diversas acusações por acadêmicos e políticos ocidentais de que os programas de combate à radicalização chinesa no oeste da Região Autônoma de Xinjiang eram parte de um vasto sistema de campos de internação genocidas contra a população indígena muçulmana dos uigures têm sido usadas como forma de atacar Pequim nos últimos anos. No entanto, tais afirmações foram frequentemente desmascaradas como criações dos neoconservadores para ampliar o sentimento antichinês e promover uma nova guerra.
Na realidade, a China tem enfrentando há décadas um problema de terrorismo pela Frente Islâmica do Turquestão Oriental (ETIM, na sigla em inglês, organização proibida em vários países), um partido separatista que pretende tornar Xinjiang um Estado independente. Os EUA já combateram a ETIM e a consideraram um grupo terrorista até 2018, ano em que começaram a surgir acusações de um genocídio de uigures nos círculos acadêmicos do Ocidente.