"Não há dúvidas de que nós estamos passando, tanto no Brasil quanto na França, por um processo muito importante de polarização. Aqui no Brasil nós temos, de um lado, Bolsonaro e, de outro, o ex-presidente Lula, que lideram cada um dos seus campos - à direita e à esquerda, respectivamente. Lá na França, algo muito semelhante tem acontecido e o presidente Macron tem liderado esses grupos mais de centro-esquerda, enquanto outros nomes como Marine Le Pen, da Frente Nacional, e [Éric] Zemmour estão tentando fixar, organizar a questão dos partidos de direita mais extremistas", explica.
Apesar de Bolsonaro, Brasil segue relevante no cenário internacional, diz analista
"O Brasil não deixou de ser um país importante, não deixou de manter contato muito próximo com a França. O que tem existido é um discurso ao redor dessa rivalidade, ainda que discursiva, entre os dois presidentes [Macron e Bolsonaro], mas que, na prática, não é tão negativa, tão catastrófica", pondera o pesquisador, que ressalta que apesar de "críticas contundentes" à atual política externa brasileira, o país segue como um ator internacional de peso.
"Nesse sentido não há dúvidas de que essa postura internacional mais isolacionista e de menor diálogo, de menor protagonismo, que o presidente Bolsonaro tem empreendido na nossa política externa afeta, sim, o plano internacional e enfraquece o nome do presidente [brasileiro] para o pleito que já se aproxima", aponta.