A chefe do partido francês Rali Nacional, candidata de extrema direita, Marine Le Pen, acusou a União Europeia (UE) de agravar as tensões fronteiriças entre Rússia e Ucrânia.
Quando questionada sobre ter medo do "imperialismo do Kremlin" à luz dos relatórios sobre os "planos" da Rússia de invadir a Ucrânia, Le Pen disse ao jornal polonês Rzeczpospolita que não acha que o presidente Vladimir Putin "cometeria tal erro".
"Mas também acredito que a UE desempenhou o papel de um bombeiro piromaníaco no que se refere a esta questão. Você pode dizer o que quiser, mas a Ucrânia pertence à esfera de influência da Rússia. As tentativas de quebrar essa esfera resultam em tensões e medos, bem como a situação que estamos presenciando", disse ela.
No desenrolar dos fatos, o alto representante da UE para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, disse que o bloco está fazendo um esforço diplomático para evitar uma escalada de tensões na fronteira Ucrânia-Rússia.
De acordo com o funcionário da UE, agora é importante mostrar a Moscou "a gama de resultados possíveis".
"Nós [a UE] estamos trabalhando para evitar a crise, mas diante de quaisquer circunstâncias imprevistas, a UE apoiará firmemente a Ucrânia", disse Borrell.
Embaixada Russa rejeita alegações de 'invasão'
A embaixada russa em Washington rejeitou, no último sábado (4), as especulações da mídia sobre os "planos" de Moscou para uma invasão da Ucrânia, enfatizando o direito da Rússia de posicionar as tropas do país em seu próprio território.
"A Rússia não é uma ameaça para nenhum país. O envio de tropas russas para o território nacional é nosso direito soberano e não é da conta de ninguém. É a OTAN e seus Estados-membros que estão movendo imprudentemente suas forças militares e infraestrutura para as fronteiras da Rússia", escreveu a embaixada em sua página do Facebook.
No mês passado, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou o aumento da histeria no Ocidente sobre os supostos planos de Moscou de invadir a Ucrânia e alertou sobre possíveis provocações estrangeiras relacionadas a essas reivindicações.
"Essa histeria está sendo estimulada artificialmente. Aqueles que trazem suas forças armadas para o exterior agora nos acusam de alguma 'atividade militar incomum' em nosso próprio território", disse Peskov, em uma aparente referência aos EUA.
Ele condenou os EUA e a OTAN por suas atividades provocativas perto das fronteiras da Rússia, movendo sua infraestrutura militar e forças armadas para mais perto da área. Peskov advertiu as nações da OTAN contra o fornecimento de armamento moderno à Ucrânia, observando que, ao fazer isso, esses países inspiram Kiev a um comportamento imprudente e tentativas de resolver questões urgentes por meio do uso da força.
"A Ucrânia provavelmente está tentando usar outra forma de resolver seu próprio problema por meios militares; criando outro desastre para si e para todos na Europa. É por isso que a Ucrânia está lutando", acrescentou.
Em 2014, a Ucrânia iniciou uma operação militar contra as regiões orientais de Donetsk e Lugansk, conhecidas juntas como Donbass, após terem proclamado unilateralmente a independência com a mudança de governo em Kiev, que considerou um golpe. O governo ucraniano culpou a Rússia pela crise, mas Moscou negou qualquer interferência no que é chamado de conflito interno ucraniano.
Um formato de negociações da Normandia envolvendo Rússia, França, Alemanha e Ucrânia foi estabelecido em junho de 2014 para resolver o conflito no sudeste da Ucrânia. Os Acordos de Minsk adotados pelos líderes da França, Alemanha, Rússia e Ucrânia em fevereiro de 2015 estabeleceram um quadro para a resolução política do conflito.