Os resultados do estudo, que vão ser publicados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, foram divulgados no site de pré-impressão arXiv.
A galáxia AGC 114905 encontra-se a 250 milhões de anos-luz da Terra. Ela é classificada como galáxia anã ultradifusa por sua baixa luminosidade. Embora seja comparável pelo tamanho à Via Láctea, ela contém muitíssimo menos estrelas. Até agora, os cientistas consideravam que as galáxias ultradifusas só podiam existir se contivessem matéria escura, permitindo a massa suficiente para segurar a matéria da gravitação e lançar os processos de formação de estrelas.
De julho a outubro de 2020, os pesquisadores monitoraram a galáxia AGC 114905, coletando dados sobre a velocidade de rotação do gás. Os resultados demonstraram que o movimento do gás na galáxia é perfeitamente explicado pela ação da matéria comum, ou seja, não há qualquer matéria escura. Isso desafia os atuais conceitos sobre a evolução de tal tipo de galáxias.
Galáxia AGC 114905
© Foto / Javier Román, Pavel Mancera Piña
Existem diferentes explicações para essa situação. Primeiramente, a matéria escura poderia ter sido retirada por forças gravitacionais de galáxias massivas nas proximidades. No entanto, no caso da AGC 114905, não existem tais galáxias. Em segundo lugar, o resultado da pesquisa pode depender do ângulo sob o qual a respetiva galáxia foi observada.
Mas, o erro ligado com esse desvio de cálculos não é grande o suficiente para que o comportamento da AGC 114905 coincida com o modelo de matéria escura fria ou a mecânica de Newton modificada.
Atualmente, os especialistas estão observando uma segunda galáxia anã ultradifusa. Caso eles de novo não encontrem traços da matéria escura, isso será uma evidência convincente a favor da existência de galáxias sem matéria escura.