A espécie invasora de caracol indiano foi registrada em novas aparições em 11 estados do Brasil, nas últimas duas semanas, segundo pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Além de representar uma praga agrícola, porque o caracol se alimenta de hortas e jardins, os estudiosos confirmaram a possibilidade de eles serem vetores de Angiostrongylus spp, o verme causador da angiostrongilíase e meningite eosinofilica em animais e humanos.
A coordenadora da pesquisa e mestre em biodiversidade, Larissa Teixeira, de 25 anos, informou ao G1 que diversas pessoas entraram em contato com ela para alertar sobre a presença do caracol da espécie Macrochlamys depois da divulgação de seu surgimento no país.
"Surgiram registros fotográficos em mais nove estados: Acre, Amazonas, Pará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais", ressaltou a pesquisadora.
Apesar dos inúmeros registros, ainda não é possível determinar a quantidade de indivíduos nos estados em que foram identificados, afirma a pesquisadora do grupo do Laboratório de Ambientes Insularizados (LABIN) da Unesp em São Vicente.
Na última quinta-feira (8), uma moradora do bairro de Campo Grande, em Santos, localizou um deles dentro do prédio em que mora. Além de Santos e Cubatão, há aparições também em Itanhaém, São Vicente e Praia Grande, no litoral paulista.
De hábitos noturnos, a espécie tem o tamanho de uma moeda de R$ 1 e se diferencia de outras espécies por ter uma concha achatada com um chifre no final de seu pé. Acredita-se que a espécie invasora pode ter vindo com plantas e flores da Índia e pode competir com a fauna local, ocupando o espaço de espécies nativas e danificando a agricultura por falta de predadores.
A maior preocupação com a espécie, no entanto, é a capacidade de transmissão de doenças, como aponta Teixeira em sua pesquisa.
"Recebemos relatos deste animal em contato com fezes de animais domésticos e associado a tubulações. Por este motivo, ele pode ser um potencial vetor do verme causador da angiostrongilíase e meningite eosinofilica em animais e humanos. Especialistas na doença confirmaram a alta possibilidade", disse.
Os pesquisadores trabalham no georreferenciamento da espécie para compreender seu comportamento para que, em seguida, possam traçar um protocolo de combate e lidar com a invasão e análise dos riscos que a espécie representa à nossa saúde.
"O protocolo de combate é essencial, uma vez que ele tem se mostrado de difícil contenção e resistente a boa parte dos métodos comuns. Estamos estudando algo que não faça mal ao solo, jardins e fauna nativa, e que seja de fácil execução", finaliza a pesquisadora.