De acordo com Jeremy Fleming, chefe da agência de espionagem digital britânica denominada Sede de Comunicações do Governo (GCHQ na sigla em inglês), a China pode usar renminbi, sua moeda digital, para monitorar e controlar transações monetárias globais. Em sua visão, embora as moedas digitais em geral representem uma "grande oportunidade" para o mundo, elas podem ser mal utilizadas.
"Se implementada incorretamente, dá a um Estado hostil a capacidade de vigiar as transações. Dá-lhes a [...] capacidade de exercer controle sobre o que é conduzido nessas moedas digitais", declarou Fleming em entrevista ao Financial Times.
Ainda segundo o chefe da inteligência do Reino Unido, os esforços de um Estado estrangeiro para reunir informações sobre cidadãos britânicos em massa podem se revelar "profundamente intrusivos" e resultar em uma "erosão da soberania britânica".
O mesmo ainda acrescenta que a China, especificamente, não está coordenando seus esforços para introduzir moedas digitais com outras potências globais como ele esperava.
"No contexto dos próximos Jogos Olímpicos [...] a China está aproveitando todas as oportunidades para projetar sua moeda digital e espera que os visitantes estrangeiros a utilizem da mesma forma que os visitantes nacionais."
Em sua visão, Pequim é o "maior problema estratégico" que Londres enfrenta agora e citou a suposta expansão das "operações de espionagem" e as tentativas de "controle da infraestrutura digital" executadas pela China como principais fontes de preocupação.
Sendo assim, o governo chinês investe de forma "muito forte, aberta e secretamente" em infraestrutura digital e está começando a moldar as regras globais em termos de "tecnologia e contexto digital", segundo Fleming.
O chefe do GCHQ observou que Londres terá que "elaborar" uma resposta às políticas e aspirações atuais de Pequim, mas ressaltou, entretanto, que qualquer que seja a resposta, os dois Estados precisam manter seu comércio aberto e continuar a cooperar com as mudanças climáticas.
De acordo com o Banco Central da China, que supervisiona o desenvolvimento da moeda on-line, cerca de 140 milhões de pessoas já abriram carteiras para o renminbi, moeda digital chinesa.