O governo de Israel consultou membros do governo dos EUA antes de realizar ataques aéreos secretos contra a instalação nuclear do Irã em Karaj e uma fábrica de mísseis a oeste de Teerã, escreveu no sábado (11) o jornal The New York Times.
O relato foi baseado em discussões entre mais de uma dezena de funcionários governamentais dos EUA e de Israel que pediram anonimato, os quais teriam revelado que abordaram o ataque de junho à instalação nuclear iraniana em Karaj. A ação, chamada de "ataque terrorista" por Teerã, resultou na destruição do local, monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica. A instalação nuclear era responsável pela fabricação de centrífugas nucleares, notaram os funcionários dos dois países.
O segundo ataque referido foi realizado contra uma fábrica pertencente ao Grupo Industrial Shahid Hemmat da Organização de Indústrias Aeroespaciais, que trata de questões relacionadas com o programa de mísseis balísticos movidos a combustível líquido.
Israel não aceitou responsabilidade por nenhum dos dois ataques.
Os EUA têm tido uma relação algo ambígua com Israel no que toca ao tratamento do Irã, com Washington realizando negociações multilaterais sobre o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), ou acordo nuclear, em Viena, Áustria, e até pedindo a Israel que deixe de realizar "ataques contraprodutivos" contra as instalações nucleares iranianas em meio a essas discussões. Tel Aviv se opõe ao JCPOA, afirmando que Irã encobre assim seu programa nuclear.
Ao mesmo tempo, o país norte-americano tem estado do lado israelense no que toca a acusações de suposta atividade maligna de Teerã no Oriente Médio, fornecido armas a Israel e realizado exercícios conjuntos. Além disso, houve relatos de que a operação de assassinato em janeiro de 2020 de Qassem Soleimani, general iraniano, foi conduzida conjuntamente por Washington e Tel Aviv, e que Israel já combinou com os EUA um novo ataque futuro contra o Irã.