Ele disse também que Washington não tem o direito moral nem político de questionar aquilo que a Rússia faz no seu território.
"Os americanos estão inexplicavelmente obcecados com a ideia de que existe a ameaça de uma 'invasão russa' da Ucrânia. Isso não existe nem pode existir. Mas aquilo que fazemos em nosso território não lhes diz respeito, eles não têm nem o direito moral nem político de levantar a questão nesse contexto", disse vice-ministro.
Durante a reunião virtual da semana passada, o presidente russo Vladimir Putin disse ao presidente dos EUA Joe Biden que as tropas russas estão posicionadas em território russo e não representam uma ameaça para ninguém, de acordo com Dmirty Peskov, porta-voz do Kremlin.
Ryabkov observou que em resultado da conversa do presidente norte-americano Joe Biden com o líder ucraniano Vladimir Zelensky não foi dito nada que pudesse distinguir essas declarações dos inúmeros outros sinais semelhantes que Washington tem emitido nas últimas semanas.
A conversa telefônica entre os chefes de Estado dos EUA e da Ucrânia foi realizada na passada quinta-feira (9). De acordo com o chefe do gabinete do presidente da Ucrânia, Biden expressou a Zelensky a prontidão de Washington para fornecer assistência a Kiev que lhe permitirá "ripostar a qualquer momento".
Ao falar das questões relacionadas com a OTAN, diplomata russo apontou que sistemas de mísseis anteriormente proibidos pelo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Tratado INF) podem em breve surgir na Europa, embora os aliados da OTAN assegurem que não têm intenção de implantar esses meios com ogivas nucleares. Mas por princípio a Aliança não é mais confiável.
"Relativamente aos planos da OTAN para colocação no território europeu de sistemas anteriormente proibidos pelo agora extinto tratado INF, não queremos que esses planos sejam desenvolvidos e implementados na prática. Mas [julgando] por evidências indiretas, posso dizer que tudo está avançando nesse sentido", afirmou Ryabkov.
A criação do chamado comando de artilharia na Alemanha, que no século passado foi responsável pelos mísseis nucleares Pershing II, sugere que os EUA, junto com seus aliados, estão "se preparando para repetir essa triste experiência em uma nova base operacional tecnológica e técnico-militar".
"As garantias […] de que a OTAN não tem intenção de implantar esses meios com ogivas nucleares não nos convencem de maneira nenhuma. Em primeiro lugar, a OTAN enquanto Aliança não tem credibilidade por princípio. Já estivemos muitas vezes em situações em que hoje é feita uma declaração, depois de amanhã outra declaração, um ano depois – uma terceira [declaração], e tudo isso é feito como se não se passasse nada. E uma das razões pelas quais a Rússia está exigindo ao mais algo nível garantias legais e jurídicas de segurança tem a ver com o fato de que todas as promessas, todas as garantias e até mesmo os compromissos políticos foram 'derrubados'", disse vice-ministro russo.
De acordo com ele, os aliados da OTAN agem "como é vantajoso e benéfico para eles, não querem ter em consideração os interesses da nossa segurança".