Bolsonaro disse que trocou funcionários do alto escalão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, após tomar conhecimento de reclamações do empresário Luciano Hang, dono das lojas Havan.
A declaração feita pelo presidente aconteceu em discurso para empresários paulistanos, durante evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Tomei conhecimento que uma obra... Uma pessoa conhecida, Luciano Hang, estava fazendo mais uma loja [da Havan] e apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Chegou o Iphan e interditou a obra", disse o presidente.
Em seguida, o presidente brasileiro revelou que desconhecia a existência do órgão, mas que, ao descobrir o caso, demitiu "todo mundo". "Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça para a gente", concluiu.
O caso citado por Bolsonaro aconteceu em 2019. Na época, o Iphan explicou em nota que a obra da Havan foi suspensa pela própria empresa.
Vista de réplica da estátua da Liberdade na loja de departamentos Parada Havan, localizada em Barra Velha, a beira da BR-101, a 130 km de Florianópolis, SC.. Foto de arquivo
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O empresário Luciano Hang se queixou da burocracia estatal após a paralisação das construções de uma loja no Rio Grande do Sul (RS) por conta de um achado arqueológico na região.
A Havan, inclusive, assumiu a responsabilidade de suspender imediatamente as atividades caso fossem identificados sítios arqueológicos, além de responsabilizar-se pelos custos de gestão que possam advir da necessidade de resgate de material arqueológico.
Em maio de 2020, Hang revelou que a construção foi retomada após 40 dias de paralisação, depois que o Iphan conclui as análises dos fragmentos de cerâmica encontrados no local. Ele nega que tenha pedido a Bolsonaro que atuasse para resolver a questão.
No ano passado, em reunião ministerial de 22 de abril, o presidente já havia sugerido que a interferência no Iphan foi motivada por interesses de Hang, escreve o portal UOL.