O congressista, Julio Chávez, afirmou à Sputnik que a Colômbia pretende responsabilizar a Venezuela pelos conflitos internos e onda de violência que vem enfrentando, e que tem sido causada por seu próprio governo por meio de falsas acusações.
"Isso responde a uma campanha sistemática de falsas alegações, de que tudo o que acontece na Colômbia é atribuído à Venezuela, mas pode até ser promovido por eles mesmos, pois lembramos que a Colômbia é um Estado em guerra interna há pelo menos 60 anos, uma violência denunciada em todo o mundo, um governo genocida e um estado falido", afirmou Chávez.
O ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, disse na segunda-feira (13) que o ataque que deixou dois policiais mortos na cidade de Cúcuta, no nordeste do país, foi planejado e financiado pela Venezuela.
Lamentamos a morte dos intendentes David Reyes e William Bareño, destacados no trabalho de desminagem em Catatumbo, que morreram no atroz atentado terrorista hoje, em Cúcuta. São heróis da Pátria que deram suas vidas para proteger a dos colombianos
"Isso nos convida a continuar a ofensiva contra esses grupos criminosos como os dissidentes das FARC [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] e do ELN [Exército de Libertação Nacional] que buscam sempre ativar ações terroristas na fronteira que são planejadas e financiadas na Venezuela e operam e se desenvolvem na Colômbia", disse Molano em vídeo no Twitter.
Chávez, membro do partido do governo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), descreveu as acusações de Molano como irresponsáveis e disse que os ataques contra seu país foram planejados a partir da Colômbia.
"Quem causou ataques violentos, quem treinou paramilitares e mercenários em seu território, quem tem financiado por meio de ONGs [Organizações Não Governamentais], todo tipo de agressão ao país, foi o governo da Colômbia na boca de seu presidente Iván Duque", comentou.
Migrantes venezuelanos
O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, considerou a acusação um "velho truque" da Colômbia ao culpar a Venezuela por seus conflitos, enquanto seu governo é cúmplice nos crimes contra os migrantes de seu país.
Ao mesmo tempo que a xenofobia acentua os crimes contra os migrantes venezuelanos sob o olhar cúmplice do [presidente colombiano Iván] Duque, seu desgoverno usa o velho truque de responsabilizar o vizinho. A estabilidade da Colômbia não será alcançada aqui enquanto seus narizes estiverem brancos de pó
Em outubro passado, o governo Nicolás Maduro anunciou que processará Duque perante o Tribunal Penal Internacional (TPI) pelo extermínio e perseguição de migrantes venezuelanos na Colômbia.
A denúncia surgiu após um menor de 12 anos e um jovem de 18, ambos venezuelanos, terem sido assassinados no município de Tibú, Norte de Santander, na Colômbia em 8 de outubro.
Além disso, em novembro passado, o chanceler Félix Plasencia denunciou o governo Duque por "fraude agravada" perante a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e solicitou uma auditoria para demonstrar o destino dos recursos que recebeu para ajudar os migrantes venezuelanos.
Em repetidas ocasiões, Maduro denunciou que novos grupos de mercenários estão se formando na Colômbia para atacar seu país com o apoio de Duque.
Caracas acusa Bogotá de estar por trás dos planos de desestabilização e tentativas de assassinato contra Maduro.
Em 2019, a Venezuela rompeu relações com a Colômbia, depois que o governo Duque apoiou a entrada de seu território de uma suposta ajuda humanitária, que Maduro descreveu como uma tentativa de invasão de seu país.