Panorama internacional

Com a proximidade do aniversário de morte de Soleimani, EUA estariam se preparando para ataque

As forças norte-americanas no Iraque estão se preparando para possíveis ataques de retaliação no próximo segundo aniversário da morte de Qassem Soleimani, conforme funcionário do governo.
Sputnik
O comandante da Força Quds, Qassem Soleimani, do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), foi assassinado pelos EUA em um ataque de drones em Bagdá em janeiro de 2020, após alegar que estava por trás de um ataque mortal de foguete contra as tropas norte-americanas. As autoridades iraquianas concluíram posteriormente, que o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) provavelmente estava por trás dos ataques, e afirmaram que Soleimani estava em Bagdá em uma missão de paz.
"Desde julho, tivemos cerca de cinco meses de calma, o período mais longo de calma que tivemos no Iraque em três anos. Estamos esperando que isso continue, mas é claro que esperamos muito entrar na primeira parte do próximo ano [...] há o aniversário de morte de Soleimani, há o processo de formação do governo do Iraque e alguns outros marcos", disse o funcionário em uma teleconferência nesta sexta-feira (17).
"Alguns desses ataques podem recomeçar, mas é claro que estamos prontos para isso e preparados", acrescentou.
Soleimani e o vice-presidente das milícias do Comitê de Mobilização Popular, Abu Mahdi al-Muhandis, aliado de Bagdá formado para combater o Daesh em 2014, foram mortos em um ataque de drones dos EUA em Bagdá, no dia 3 de janeiro de 2020. O então presidente Donald Trump ordenou o ataque em Soleimani depois que assessores lhe disseram que o comandante do Irã era responsável pelo ataque mortal a um grupo da milícia xiita iraquiana contra uma base militar de Kirkuk, que abrigava soldados e mercenários dos EUA em dezembro de 2019, e pela tentativa de assalto à Embaixada dos EUA em Bagdá, na véspera da virada de ano de 2019.
As comunidades militar e de inteligência do Iraque concluíram posteriormente que o Daesh, e não a milícia iraquiana apoiada pela Guarda Revolucionária, era provavelmente o responsável pelo ataque a Kirkuk. Trump ignorou essas descobertas e continuou a se vangloriar de ter "tirado Soleimani do jogo", mesmo muito depois de deixar o cargo, sugerindo recentemente que o comandante era "muito maior, muitas vezes maior" que o líder da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), Osama bin Laden.
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Trump não especificou o que ele quis dizer com "maior". Como chefe da Força Quds da Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (uma unidade de elite responsável pelas operações militares iranianas no exterior) Soleimani trabalhou extensivamente com os militares iraquianos e sírios, milícias curdas e até mesmo os EUA (indiretamente) na guerra de 2014-2017 para destruir o "califado" do Daesh.
Antes disso, a Força Quds lutou contra a Al-Qaeda e outros jihadistas na Síria e no Afeganistão. Soleimani acusou repetidamente os EUA de conivência com os terroristas.
O assassinato de Soleimani fez com que o Irã visasse duas bases americanas no Iraque com mais de uma dúzia de mísseis balísticos, deixando mais de 100 soldados americanos gravemente feridos com traumatismos cranianos, no ataque de 8 de janeiro de 2020, precedido apenas por um breve aviso de alguns minutos dos aliados iraquianos.
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Os assessores de Trump o encorajaram a lançar ataques em locais por todo o Irã em resposta, mas o presidente decidiu contrariamente, e ao que tudo indica, depois de assistir ao apelo do apresentador da Fox News, Tucker Carlson, que pedia por moderação naquela situação tão explosiva.
A morte do comandante iraniano levou o parlamento do Iraque a emitir uma resolução exigindo a retirada imediata de todas as forças dos EUA no país. O governo Trump começou a reduzir as forças dos Estados Unidos em março de 2020, com o número de soldados caindo de 5.300 para 2.500 quando Trump deixou o cargo. As negociações Iraque-Estados Unidos sobre o assunto continuaram por mais de um ano e levaram a um acordo em julho de 2021 comprometendo Washington a encerrar sua missão de combate no Iraque até o final do ano.
Na quinta-feira (9) da última semana, autoridades iraquianas e norte-americanas anunciaram o fim da missão de combate e que as tropas americanas remanescentes foram realocadas para funções não combatentes. Algumas milícias xiitas iraquianas advertiram que retomariam os ataques contra as forças dos Estados Unidos, que começaram depois da morte de Soleimani, até que todas as tropas americanas fossem embora, e que não aceitariam nenhum papel militar americano "de marca reformulada" no país.
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