Florence Parly, ministra da Defesa da França, advertiu em visita a Nova Deli para um encontro com seu homólogo indiano Rajnath Singh que para enfrentar o "comportamento agressivo da China" os países não podem renunciar à responsabilidade por sua própria segurança que assegura uma região do Indo-Pacífico livre e segura.
Ela disse em entrevista ao jornal The Times of India, publicada na sexta-feira (17), que a França quer que os países com a mesma estratégia se juntem, sem se submeter a qualquer hegemonia.
"A França e a Índia compartilham a mesma avaliação clara dos desafios na região, incluindo em termos de segurança marítima. No entanto, uma abordagem de blocos militares reducionista, em que países desistem da responsabilidade por sua própria segurança, não é a solução", comentou Parly sobre a questão se o pacto de submarinos AUKUS entre os EUA, Reino Unido e a Austrália, que substituiu o acordo franco-australiano, afetará as relações franco-indianas e a estratégia do Indo-Pacífico.
A ministra da Defesa francesa reiterou que a França e a Índia desenvolveram grandes relações bilaterais até agora, apesar do AUKUS, e que a França está presente no oceano Índico e também no Pacífico, nas ilhas Polinésias e na Nova Caledónia.
"AUKUS não muda a geografia. A França é uma nação do Indo-Pacífico, e a Índia é nosso parceiro estratégico principal para manter esta região livre, aberta e próspera", comentou ela.
A ministra francesa reconheceu que a China é um grande país, e que há áreas em que se pode prever e criar cooperação, incluindo na luta contra alterações climáticas, mas criticou o "comportamento da China" no Indo-Pacífico e na fronteira com a Índia.
"Estamos empenhados em defender a lei do mar, como é demonstrado por nossa presença militar permanente na região, destacamentos navais frequentes e exercícios conjuntos com parceiros como a Índia", afirmou.
A França tem criticado o cancelamento em setembro de 2021 pela Austrália de um negócio de 2016 para fornecimento de submarinos franceses ao país da Oceania, que foi substituído pelo acordo AUKUS entre os EUA, o Reino Unido e a Austrália. O caso levou a incidentes e fricções diplomáticas entre a França e esses países.