Panorama internacional

'Fomos idiotas úteis': 5 supostos assassinos do líder do Haiti dizem ter sido 'vítimas de trama'

Haiti tem investigado a morte de seu presidente Jovenel Moïse, e prendeu 26 colombianos e dois norte-americanos suspeitos de o terem assassinado.
Sputnik
Os cinco cidadãos da Colômbia que estão detidos em prisão do Haiti por suspeita de envolvimento no assassinato em julho do presidente do país Jovenel Moïse afirmam ser inocentes e que foram "vítimas de trama" pelos verdadeiros assassinos, relatou no sábado (18) a emissora CNN.
"Fomos idiotas úteis para alguém, mas não cometemos este crime", disse um dos homens à mídia, que pôde entrevistar os prisioneiros após meses de negociações com as autoridades.
Os entrevistados, que trabalhavam para a empresa de segurança privada norte-americana CTU Security, implicada previamente na tentativa de assassinato em 2018 do presidente venezuelano Nicolás Maduro e da tentativa de o raptar para os EUA em maio de 2020, teriam chegado ao Haiti um mês antes do assassinato.
"Foi nos dito que proveríamos segurança a um candidato presidencial haitiano. Não tínhamos ideia do que aconteceria", contou um dos homens entrevistados. Eles referiram que faziam parte da escolta que viajou para a casa de Moïse na noite de sua morte e insistiram que não estavam envolvidos no ataque, mas não revelaram mais detalhes, citando falta de representação legal e medo de "represálias".
De acordo com o relato da CNN, os cinco homens foram transportados para fora do lugar do crime e chegaram à embaixada taiwanesa no país, que existe devido ao fato de o Haiti ser um dos apenas 14 Estados-membros da ONU que ainda reconhecem o território autogovernado como país. O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan afirma que 11 mercenários forçaram a entrada na sua embaixada no Haiti após a morte de Jovenel Moïse.
Os cinco homens entrevistados relataram que os mercenários se entregaram às autoridades e foram sujeitos a tortura física, privados de comida e receberam ameaças às suas famílias. Depois disso eles teriam sido obrigados a assinar documentos em francês que não entendiam, escritos para eles por agentes de segurança, enquanto os verdadeiros criminosos estariam ainda "fora da prisão".
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Os próprios entrevistados pela CNN observaram que não receberam acusações oficiais e que apenas lhes foram nomeados advogados aprendizes que não falavam espanhol. Os homens creem que "todo o mundo deve ser inocente até ser provado culpado, e todos temos direito a representação legal".
"O melhor que poderia acontecer era isto ser levado até um tribunal internacional. Quando sair deste país, contarei ao mundo tudo o que sei", prometeu um deles.

Mistério em torno do assassinato de Moïse

A polícia haitiana identificou um total de 26 colombianos e dois americanos, que considerou serem ligados ao assassinato de 7 de julho do chefe de Estado do Haiti. Martine Moïse, sua esposa, também foi gravemente ferida no ataque e acredita que apenas sobreviveu por ter sido considerada morta. A viúva exortou em agosto o Conselho de Segurança das Nações Unidas a ajudar o país a encontrar os responsáveis pela morte de seu esposo.
Três dos colombianos envolvidos no assassinato foram mortos durante a caça aos perpetradores realizada após a morte de Moïse, tendo a polícia recuperado um grande estoque de armas e outro material usado pelos assaltantes. Dois dos cidadãos norte-americanos supostamente envolvidos declararam que eram tradutores e insistiram que os mercenários deviam ter prendido o presidente do Haiti, em vez de o matar. No entanto, as afirmações não foram confirmadas.
A intriga em torno da morte do líder haitiano aumentou depois que a mídia venezuelana reportou que um jato privado, usado para transportar alguns dos mercenários ao Haiti, também foi usado para transportar Juan Guaidó, autoproclamado presidente da Venezuela, para negociações. No final de julho o Pentágono confirmou que sete dos colombianos presos receberam treinamento em uma academia dos EUA.
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