O número de civis mortos em ataques aéreos dos EUA no Iraque, Síria e Afeganistão é subestimado pelo Pentágono, disse no sábado (18) o jornal The New York Times (NYT).
"Não é possível determinar o número total de vítimas, mas uma coisa é certa: é muito maior que o reconhecido pelo Pentágono", segundo o NYT, que investigou 1.311 documentos obtidos do Departamento de Defesa e do Comando Central dos EUA desde março de 2017.
Os jornalistas analisaram os ataques, visitaram centenas de lugares em que eles aconteceram e realizaram entrevistas com sobreviventes e funcionários governamentais dos EUA.
De acordo com os dados oficiais do Pentágono, 1.417 civis morreram como resultado de operações contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) no Iraque e na Síria, além de 188 no Afeganistão desde 2018.
No entanto, a análise dos documentos revelou "centenas de mortes não contabilizadas" devido aos ataques aéreos. Isso, indica o jornal, aconteceu devido a grandes falhas na investigação desses eventos. Apenas em 12% dos ataques com potenciais mortes de civis foi recomendado realizar uma investigação completa. Em muitos dos casos a verificação era feita pelo próprio comando que autorizou a operação, frequentemente "baseada em evidências incorretas ou incompletas".
Além disso, os relatos de mortes civis foram frequentemente descartados porque os vídeos não mostravam imagens de cadáveres, apesar de os vídeos frequentemente serem demasiado curtos para ter a certeza.
O NYT determinou que "menos que uma dúzia de pagamentos de indenização foram feitos" após a confirmação de vítimas mortais civis.
Em novembro a mídia afirmou que os militares norte-americanos ocultaram um ataque aéreo em Baghouz, Síria, em março de 2019, que levou a vida de dezenas de civis e que não foi realizada uma investigação aprofundada do incidente. O jornal apontou que as 70 mortes de vítimas não terroristas do ataque constituíram um dos maiores desses números entre todas a operações anti-Daesh.