Milhares de mulheres acusadas de bruxaria na Escócia sob a Lei da Bruxaria entre 1563 e 1736 serão perdoadas postumamente, relata no domingo (19) o jornal The Times.
Um projeto de lei proposto por um deputado do parlamento escocês teve o apoio do governo de Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, podendo ser aprovado na legislatura até os meados de 2022.
"É correto que este equívoco seja corrigido, essas pessoas que foram criminalizadas, principalmente mulheres, devem ser perdoadas", afirmou a parlamentar escocesa Natalie Don, citada pelo The Times.
Em resposta a uma petição proposta em 8 de março de 2020, no Dia das Mulheres, o governo da Escócia reconheceu que a Lei da Bruxaria, que vigorou no país até 1736, na época já parte do Reino Unido, era discriminatório.
"Trata-se de sensibilizar sobre o que ocorreu às mulheres, e registrar corretamente a história do que aconteceu às mulheres. As acusadas eram membros vulneráveis da sociedade, que foram usadas como bodes expiatórios. Se não reconhecermos e confrontarmos nosso passado, faremos os mesmos erros", explicou a advogada Claire Mitchell, uma das autoras da petição.
Cerca de 4.000 pessoas foram acusadas de bruxaria após o rei Jaime IV escocês começar a Grande Caça Escocesa às Bruxas em 1597, a segunda das cinco realizadas na história do país. Centenas de supostas bruxas foram acusadas de lançar feitiços malignos, conjurar tempestades para afundar os navios do rei, fazer sexo com o Diabo ou de se transformarem em corujas.
Esta é a cara de uma "bruxa" escocesa que morreu em 1704. Lilias Adie "confessou" ter feito bruxaria e ter tido sexo com o Diabo, mas morreu na sua cela antes de ser queimada
Mais de metade das acusações resultaram em execuções, e 85% das condenações foram aplicadas a mulheres ou meninas. Mitchell afirmou ter sido inspirada pelo caso de Lilias Adie, que morreu em 1704 depois que foi condenada à fogueira.