O Congresso Nacional concluiu a votação do orçamento para o ano de 2022 na noite desta terça-feira (21). O texto recém aprovado prevê R$ 1,7 bilhão para reajuste e reestruturação das carreiras de policiais federais no próximo ano.
O trecho que beneficia os servidores das forças de segurança foi alvo de críticas na imprensa e nas redes sociais, que acusaram o presidente Jair Bolsonaro de promover medidas para alavancar votos na corrida presidencial de 2022.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o deputado Sanderson explicou que "estão fazendo alarde em relação a esse reajuste". Segundo ele, a média de reajuste para os policiais [da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e agentes penais do Depen] será de 10%.
"Para quem está há anos sem reajuste, é até irrisório", disse.
O deputado, que também é vice-líder do governo, afirmou se tratar de uma reestruturação das carreiras. "A bancada tem seu peso, mas nem foi isso. O desejo do presidente e a pressão foram fortes", comentou.
Parlamentares ligados diretamente à Polícia Federal (PF) e à Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuaram para convencer o relator do orçamento, o deputado Hugo Leal, a inserir o aumento para essas categorias no seu texto.
Na Câmara, existem sete deputados policiais e delegados da PF, entre os quais Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Outros cinco são vinculados diretamente à PRF, onde fizeram carreira.
Deputado Eduardo Bolsonaro durante ato pedindo a liberação do porte de armas no Brasil, Brasília 9 de julho de 2020. Foto de arquivo
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O deputado Sanderson foi o coordenador de seu partido, o PSL, na Comissão Mista de Orçamento. Ele explicou que, entre os argumentos para defender o aumento para as polícias, estão: os militares das Forças Armadas receberam, mas eles não; a categoria está sem reajuste há algum tempo; e os policiais são base de apoio do governo Bolsonaro.
"Conceder aumento aos policiais é uma pauta do Executivo, que já tinha concedido aos militares. Por que eles, e nós não? Será o último ano desse governo, comprometido com os policiais, que são sua base de apoio. É uma relação histórica e até agora o presidente Bolsonaro pouco tinha feito pelas polícias", disse Sanderson.
Ele ainda afirmou que entende que "cada governo tem sua prioridade". Para ele, "se a esquerda voltar ao poder, não teremos nada. E nem os militares. Eles vão colocar tudo [recursos do orçamento] em políticas sociais. Cada governo tem sua linha de atuação", sentenciou.