No dia 16 de dezembro, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu o segundo lote do míssil Meteor, que vai equipar as aeronaves de caça F-39 Gripen.
O Meteor é um míssil BVR (Beyond-Visual-Range, em inglês). Isso significa que ele está além do alcance visual e oferece capacidade contra alvos a longa distância, como caças, Veículos Aéreos Remotamente Pilotados (VARP) e mísseis de cruzeiro.
Falando sobre como o míssil Meteor aumenta as capacidades de defesa do espaço aéreo brasileiro, o comandante Robinson Farinazzo afirma que provavelmente o Meteor será um diferencial na América do Sul.
O comandante também ressaltou que a FAB está adquirindo o IRIS-T para complementar as capacidades do Meteor, formando capacidades de médio e longo alcance.
"Isso, aliado ao nosso parque tecnológico aeroespacial, às nossas capacidades de alerta aéreo antecipado e à expertise global da FAB, deixa o Brasil em um patamar bastante confortável em relação ao panorama latino-americano", explicou o comandante.
Superioridade aérea brasileira na América do Sul
De acordo com o comandante, em se tratando do atual panorama com os vizinhos do Brasil, o míssil Meteor pode garantir a superioridade aérea brasileira na região.
"O Gripen mais o Meteor, o IRIS-T e as outras capacidades do parque aeroespacial [...] deixam o Brasil em uma situação em que podemos lidar com qualquer problema com os nossos vizinhos", afirmou.
Contudo, o comandante Robinson observa que o Brasil não se preocupa tanto com seus vizinhos, mas sim com o Atlântico por ser um cenário complexo.
Dependência do Brasil de armamentos estrangeiros
O comandante Robinson afirmou que o ideal seria o país suprir as Forças Armadas "com tudo que fosse fabricado no Brasil", mas a indústria de defesa tem um problema de escala, já que seria necessário adquirir uma grande demanda para sustentar a produção nacional.
"No Brasil, fica muito difícil subsidiar uma empresa para ela se manter viável [...] Ou você tem capacidade de exportação enorme para manter a linha de produção quente o ano inteiro, ou o principal cliente, que é o governo, faz a absorção de toda a produção e mantém a sustentabilidade da empresa", destacou.
Para o comandante Robinson, o ideal seria o país ter uma fabricação de mísseis no país, "mas como não foi viável nesse primeiro momento, a aquisição dos Meteor será bem-vinda".
"Eu acredito que a Força Aérea Brasileira tem uma capacidade fora de série [...] o que a FAB puder tirar da capacidade dos Gripens, dos Meteor, IRIS, ela vai fazer. Acredito que a FAB vá conseguir transferir muita tecnologia destes novos insumos para o nosso parque aeronáutico [...]", declarou.
Além disso, o comandante afirmou que é importante pensar em construir e melhorar cada vez mais o cluster aeronáutico, mantendo a independência do país como um fator de soberania.
Brasil pode usar míssil Meteor para usar engenharia reversa?
O comandante Robinson afirma que a FAB tem condições para usar a engenharia reversa nos mísseis Meteor, contudo, isso vai depender do contrato firmado no momento da compra, para saber se esta transferência de tecnologia seria possível.
"Hoje, a FAB é um dos operadores mais experientes de F-5 do mundo, dominando todo o ciclo da aeronave, não dependendo de ninguém. Acho que ela vai fazer isso com esses outros sistemas", afirmou.
O comandante Robinson também destacou o papel da Comissão de Coordenação do Programa de Aeronave de Combate (COPAC), responsável pelos contratos de aquisição da Força Aérea e que tem um padrão de excelência internacional.
Implantação dos mísseis Meteor
O comandante Robinson afirmou que, aparentemente, os novos mísseis Meteor serão implantado apenas nos caças Gripen, ressaltando que a sua implantação dependerá do contrato, que pode ou não estar permitindo sua implantação em outras aeronaves.
Além disso, o comandante destaca que há uma campanha de homologação, bem como de certificação dos mísseis, que em aeronaves como essa tem um alto custo, e por isso a FAB pode estar pensando no custo-benefício de implantar estes mísseis em aeronaves que podem ser descartadas em um futuro próximo.
"Os fatores condicionantes para você homologar um sistema de armas em uma aeronave são extremamente complexos. Se a FAB decidir por isso, certamente terá capacidade de fazer, contudo é uma questão de custos e oportunidades", concluiu.