A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22), segundo dados de documentos tornados públicos em reportagem do jornal japonês Kyodo News.
De acordo com a publicação, as conversas entre os líderes norte-americano e japonês aconteceram na segunda metade do ano de 1990. O primeiro-ministro não acatou aos pedidos do governo dos EUA, alegando sua responsabilidade de respeitar a Constituição pós-guerra do Japão, que no Artigo 9 impede a participação em futuras guerras. O Exército japonês, no entanto, disponibilizou navios caça-minas.
A publicação afirma, citando os documentos revelados, que os Estados Unidos notificaram o Japão sobre a intenção do uso de força no dia 14 de janeiro de 1991, três dias antes do início da Guerra do Golfo.
Os registros e depoimentos também revelaram que, dos US$ 13 bilhões que o Japão forneceu à coalizão multinacional, US$ 9 bilhões foram adicionados em resposta a um pedido do então secretário do Tesouro dos EUA, Nicholas Brady, ao secretário japonês Ryutaro Hashimoto.
"A Guerra do Golfo foi um trauma para o Japão, e desde então, a perspectiva dos Estados Unidos se tornou o eixo de avaliação das relações exteriores", explicou o professor Taizo Miyagi, da Universidade Sophia, em Tóquio.
Atualmente o Japão tem liberado tropas para operações de paz internacionais com determinada agilidade, mas o assunto segue sendo de teor delicado e necessita seguir determinadas condições para que se enquadre na Constituição pacifista japonesa.
Conflito no Golfo
A Guerra do Golfo foi uma grande ofensiva liderada pelos EUA contra o Iraque e seu presidente Saddam Hussein em resposta à invasão iraquiana do Kuwait. A coalizão liderada pelos EUA, que incluía vários países árabes, enviou 900 mil soldados para a fronteira do Iraque.
Após cinco semanas de intensos combates, a libertação do Kuwait foi oficialmente declarada pela Organização das Nações Unidas no dia 24 de fevereiro de 1991.