Os Estados Unidos estão prontos para negociações de segurança com a Rússia no início de janeiro, disse a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki a repórteres, nesta quinta-feira (23). Washington ainda não deu uma resposta substantiva às propostas de segurança apresentadas pela Rússia na semana passada e não planeja fazê-lo publicamente. Segundo a porta-voz, o governo Biden vai responder às sugestões nas próximas conversações.
Apesar da disposição de Washington em discutir o assunto, a data e o local ainda não foram definidas.
Psaki disse ainda que os EUA nunca concordarão com algumas propostas russas, mas há outras áreas em que Washington "pode ser capaz de explorar" consensos.
"Não vamos responder a todas as propostas ou comentários feitos, inclusive do presidente russo, e acho que nossa abordagem é compreendida pelos russos a esse respeito", disse a autoridade norte-americana durante uma teleconferência com repórteres. "Existem algumas questões levantadas pela Rússia que acreditamos que podemos discutir e outras que eles sabem muito bem com as quais nunca concordaremos".
As declarações surgem por ocasião da conferência de imprensa anual de Vladimir Putin, durante a qual o presidente russo exigiu que o Ocidente dê garantias firmes a Moscou de que a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) não se expandirá para o leste.
"Nossas ações dependerão das garantias incondicionais da segurança nacional russa, ao invés do curso das negociações. Deixamos claro que a expansão da OTAN para o leste é inaceitável. Os EUA estão à nossa porta com seus mísseis. Como os americanos reagiriam se colocássemos nossos mísseis na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá ou o México?", Disse Putin.
Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia apresentou dois projetos de acordos abrangentes sobre garantias de segurança entre a Rússia, os Estados Unidos e a OTAN.
"As Partes deverão resolver todas as controvérsias internacionais em suas relações mútuas por meios pacíficos e abster-se de usar ou ameaçar usar força de qualquer forma incompatível com os propósitos das Nações Unidas", sugere uma das propostas.
De acordo com a minuta da proposta, a Rússia e a OTAN "exercerão moderação no planejamento militar e na realização de exercícios para reduzir os riscos de eventuais situações de perigo, de acordo com suas obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo aquelas estabelecidas em acordos intergovernamentais sobre a prevenção de incidentes no mar, fora de águas territoriais, e acima do espaço aéreo, bem como em acordos intergovernamentais sobre a prevenção de atividades militares perigosas".
As propostas também preveem a criação de "linhas diretas" para contatos emergenciais entre as partes.
Nos rascunhos, a Rússia também sugere que os EUA se comprometam a não estabelecer bases militares em ex-repúblicas soviéticas que não sejam membros da OTAN e se abstenham de expandir a aliança para o leste.
"As partes devem abster-se de implantar suas forças armadas e armamentos, inclusive no âmbito de organizações internacionais, alianças ou coalizões militares, em áreas onde tal implantação possa ser percebida pela outra Parte como uma ameaça à segurança nacional, com exceção de tais implantação dentro dos territórios nacionais das Partes", diz o documento.
O rascunho do documento também obriga Moscou e Washington a não usar o território de outros Estados "com o objetivo de preparar ou executar um ataque armado contra a outra Parte ou outras ações que afetem os interesses essenciais de segurança da outra parte".
As propostas de segurança foram tornadas públicas em meio a tensões latentes entre a Rússia e o Ocidente, juntamente com a Ucrânia, devido a alegações de que o lado russo estaria reforçando suas Forças Armadas na fronteira com a Ucrânia.
A Rússia também foi acusada de planejar invadir a Ucrânia. Moscou negou veementemente essas acusações, descrevendo-as como "absurdas" e enfatizando que tem o direito de mover suas tropas dentro de seu próprio território e a seu próprio critério.
O Kremlin, por sua vez, enfatizou que Kiev está violando os acordos de Minsk e deliberadamente aumentando as tensões nas autoproclamadas repúblicas de Donbass.