O tratamento dado pelo Reino Unido a Julian Assange, denunciante do WikiLeaks, é lastimável, comentou no sábado (25) John Shipton, pai do ativista australiano, à RT.
Em resposta a uma pergunta se considerava que os EUA queriam prolongar seu caso no tribunal o máximo possível para que Assange continuasse preso desde abril de 2019, quando foi iniciado um processo de extradição para o país norte-americano, Shipton respondeu que as autoridades britânicas também têm culpa, e não devem ser vistas como meras marionetes de Washington.
"Têm achado sempre que o Reino Unido é um executor das intenções dos Estados Unidos. Isso é, na verdade, errado. A tortura em si é realizada pelas instituições do serviço judicial da coroa [britânica], o escritório estrangeiro e o judiciário. É realmente cometida por essas pessoas [...] que depois vão para casa e bebem uma taça de champanhe", afirmou.
Segundo o pai de Assange, os "assassinatos, corrupção, criminalidade em enorme escala pelos Estados Unidos e seus aliados da OTAN" são um padrão similar ao tratamento oferecido ao fundador do WikiLeaks, que tem sido alvo do "ódio mais vicioso, da calúnia mais inescrupulosa e de mentiras que têm cercado Julian como um tornado nestes 13 anos".
John Shipton mencionou casos de humilhação do ativista australiano, que foi colocado em setembro em uma "caixa de vidro", na qual ele apenas tinha uma pequena fenda através da qual Assange podia se comunicar com seus advogados. Para isso, ele precisava sempre de se ajoelhar, enquanto os advogados ficavam de pé. O fundador do WikiLeaks pediu à juíza para o deixar estar sentado junto a seus advogados, o que foi recusado, uma "farsa" que continuou por três semanas.
11 de dezembro 2021, 14:10
Na opinião do familiar, é o grande apoio dado por legisladores e a sociedade civil a Assange que lhe permite ter forças para continuar a lutar pela libertação de seu filho. Ele também crê que o processo contra Assange contribuiu para o fim das Guerras do Iraque e do Afeganistão.
Em 10 de dezembro, a Suprema Corte do Reino Unido decidiu que Julian Assange pode ser extraditado aos EUA, que rejeitou uma decisão anterior de uma instância inferior. O caso foi levado de volta à corte de Westminster, enquanto a equipe do denunciante anunciou que apelaria da decisão. Stella Morris, esposa de Assange, também a rejeitou, considerando ser um "grave atentado à justiça".