Em 9 de dezembro, os EUA terminaram oficialmente sua missão de combate no Iraque, concretizando assim a decisão do presidente Joe Biden de retirar as tropas americanas do país devastado pela guerra.
No auge de suas operações Washington tinha cerca de 170.000 soldados estacionados em solo iraquiano. Agora, o número de tropas é estimado em cerca de 2.500 e se afirma que estariam no país para "aconselhar, ajudar e capacitar" as forças de segurança iraquianas.
Saad Al Mutalibi, um político independente baseado em Bagdá, afirma que a decisão para terminar com a missão de combate dos EUA foi orquestrada para diminuir a pressão sobre o governo do premiê iraquiano Mustafa Al Kadhimi e como uma tentativa de apaziguar o povo, que se cansou de uma presença militar estrangeira em seu país.
"Não há retirada alguma. Em vez disso há apenas uma mudança de status, e esses soldados agora estarão servindo como treinadores e conselheiros", observou Al Mutalibi em entrevista à Sputnik.
De acordo com o político, a maior parte da insatisfação com a presença contínua de tropas dos EUA provém dos xiitas do Iraque, que representam 70% da população do país. Por sua vez, os grupos sunitas e curdos apoiam a presença americana, dizendo que Washington se tornou um importante ator na manutenção da segurança nacional do Iraque.
Porém, o político está longe de estar convencido por essas alegações, dizendo que a presença dos EUA tem sido um fator de desestabilização.
A invasão americana de 2003 provocou um aumento na atividade terrorista no Iraque, algo que posteriormente abriu caminho para o surgimento do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em diversos países).
24 de dezembro 2021, 12:55
Quando a presença militar de Washington no Iraque era forte, eles podiam lidar com a ameaça, mas agora, com o número de tropas reduzido, o Daesh tem estado se revigorando de novo, e continuará a fazê-lo até que o último soldado americano deixe o solo iraquiano.
"Os americanos só estão aumentando o poder do Daesh. Eles são uma parte do problema. Não uma solução", explicou Al Mutalibi.
Porém, o Daesh não é a única força que tem lutado contra os americanos no Iraque. Alguns grupos das Forças de Mobilização Popular (PMF, na sigla em inglês) também têm combatido as forças dos EUA.
Segundo informações, entre 2016 e 2017 as PMF incluíam entre 60 a 70 grupos e contavam com até 140 mil combatentes. A maioria desses combatentes são xiitas, e alguns desses grupos estão alegadamente ligados ao Irã e seu aparelho de segurança, em particular ao Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês).