O ministro das Relações Exteriores do Brasil e o secretário de Estado dos EUA tiveram uma conversa nesta segunda-feira (10) sobre a crise na Ucrânia.
"Com referência à situação no leste da Ucrânia, o Itamaraty esclarece que o ministro [Carlos] França e o secretário [dos EUA, Antony] Blinken trocaram impressões e expressaram suas respectivas posições nacionais", diz um comunicado publicado nas redes sociais do ministério.
O ministro França enfatizou que o Brasil mantém sua postura de apoio a uma solução mutuamente satisfatória nos termos da Resolução 2202 (2015) do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A resolução 2202 prevê que uma solução para a crise somente pode ser alcançada por meios pacíficos, e depende da implementação de diversas medidas de desescalada previstas nos Acordos de Minsk.
O Kremlin, por sua vez, enfatiza que Kiev está violando os acordos de Minsk e deliberadamente aumentando as tensões nas autoproclamadas repúblicas de Donbass.
Em uma entrevista coletiva no dia 23 de dezembro, o presidente Vladimir Putin falou sobre as posições dos EUA e da Rússia a respeito do futuro de Donbass e dos Acordos de Minsk.
Presidente ucraniano Vladimir Zelensky visita a região de Donbass, 8 de abril de 2021. Foto de arquivo
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Na ocasião, após afirmar que o futuro de Donbass deve ser determinado pelas pessoas que vivem na região, o presidente russo disse que o Kremlin é um mediador no processo para determinar o destino da região de Donbass, como é previsto pelos Acordos de Minsk.
"Segundo [os Acordos de] Minsk, a Rússia é mediadora, mas eles estão tentando transformá-la em um lado do conflito. Moscou não está interessada nisso", disse o presidente russo.
O acordo de paz foi fechado pelos chefes de Estado Pyotr Poroshenko (da Ucrânia); Vladimir Putin (Rússia); François Hollande (França), e Angela Merkel (Alemanha).
Vale lembrar que, em dezembro, o Ministério das Relações Exteriores russo apresentou dois projetos de acordos abrangentes sobre garantias de segurança entre a Rússia, os EUA e a OTAN.
As partes se comprometem em garantir a segurança mútua, não colocar mísseis de curto e médio alcance em zonas a partir das quais eles possam atingir os territórios um do outro, e a Aliança Atlântica não poderá continuar se expandindo para leste, incluindo à custa de ex-repúblicas soviéticas, entre as quais está a Ucrânia.
Reunião entre Rússia e EUA
Em encontro nesta segunda-feira (10) para tratar, entre outros assuntos, da Ucrânia, Sergei Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, classificou que os EUA encararam de forma séria as propostas russas sobre as garantias de segurança mútuas.
Uma das exigências de Moscou foi o não aproveitamento militar dos territórios dos Estados-membros da OTAN que entraram na aliança após 1997. Sobre a Ucrânia, Ryabkov garantiu que a Rússia não tem quaisquer intenções de a invadir.
"Explicamos aos colegas norte-americanos que não temos, nem podemos ter, nenhum plano ou intenção de 'atacar' a Ucrânia, e que todas as iniciativas de preparação militar das forças [russas] são realizadas no interior de nosso território nacional", comentou ele.
Apesar das divergências entre Rússia e os EUA em "pontos de vista opostos em certas questões", o representante russo considera ser possível chegar a um acordo.
O encontro de representantes da Rússia e dos EUA sobre garantias de segurança foi realizado em um formato fechado na representação permanente dos EUA na ONU em Genebra. A delegação russa foi chefiada por Sergei Ryabkov, enquanto a delegação norte-americana foi dirigida por Wendy Sherman, vice-secretária de Estado do país.
No dia 30 de janeiro de 2019, o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, participa de uma conferência sobre o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), em Pequim. Foto de arquivo
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