O "submarino russo" suspeito que se chocou em 2020 com a fragata HMS Northumberland britânica estava tentando "sequestrar" um sonar rebocado de baixa frequência do último, declarou no sábado (8) o portal polonês Defence 24.
"Os britânicos podem ter decidido deliberadamente não admitir a perda do sonar e, consequentemente, a possibilidade de sua captura pelos russos. É por isso que a Marinha Britânica afirma oficialmente que o incidente foi um acidente, e não intencional", sugere o Defence24.
Em uma declaração citada na sexta-feira (7) pelo portal The Sun, o Ministério da Defesa do Reino Unido disse que "um submarino russo sendo rastreado pela HMS Northumberland entrou em contato com seu sonar rebocado". Quanto ao sonar Type 2087, ele teria ficado "muito amolgado e inutilizável" após ter sido "arrastado sobre o casco do submarino".
O navio teria sido então forçado a abortar a missão de rastrear as águas em torno do território britânico e voltar ao porto para ter seu dano inspecionado. Tom Sharpe, ex-comandante da Marinha Real do Reino Unido, não excluiu a possibilidade de sabotagem:
"Essa classe de fragatas, bem operada e bem comandada, é muito, muito furtiva. É possível que o submarino estivesse mais próximo do que pensava que estava [...] Talvez tenha sido deliberado. Não quero causar confusão, mas isso aconteceu antes, então é uma opção neste caso", opinou em entrevista publicada na quinta-feira (6) no portal Forces News.
O sonar Type 2087 do navio, capaz tanto de operações passivas como ativas, foi construído pela empresa de defesa francesa Thales. Devido a ser projetado especificamente para detectar submarinos antes que estejam no raio de alcance de ataque, não ficou claro por que razão o HMS Northumberland não realizou manobras evasivas contra o submarino russo suspeito durante sua aproximação.
Em 1982 ocorreu um incidente semelhante, quando o HMS Conqueror, um submarino britânico movido a energia nuclear, roubou um novo, na época, sonar rebocado soviético no mar de Barents como parte da Operação Barmaid. O HMS Conqueror cortou os fios do sonar de uma embarcação polonesa que o rebocava operando em águas soviéticas, sendo que na época a Polônia fazia parte do Pacto de Varsóvia, uma aliança militar liderada pela URSS.
O sonar foi posteriormente levado à Escócia, embarcado em um avião e enviado aos EUA para ser examinado. Em 1988 o mesmo submarino do Reino Unido se envolveu em uma colisão com um iate à vela de treinamento do Exército do país e o afundou.
O portal Defence 24 crê que uma "repetição" da operação de 1982, desta vez pelos russos contra os britânicos, "seria sem dúvida um grande sucesso de propaganda para eles".