Panorama internacional

Stoltenberg: entre OTAN e Rússia há divergências sérias, mas foi importante iniciar diálogo

O secretário-geral da Aliança Atlântica reconheceu, durante negociações em Bruxelas, Bélgica, que há grandes diferenças nas abordagens dos assuntos geopolíticos entre a Rússia e a OTAN.
Sputnik
Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, afirmou na quarta-feira (12) após um encontro do Conselho OTAN-Rússia que, mesmo com fortes divergências nas posições da aliança militar e da Rússia, que não são fáceis de ultrapassar, foi importante iniciar o diálogo.

"Entre os aliados na OTAN e a Rússia existem sérias divergências sobre estas questões [segurança europeia e situação na Ucrânia]. Não será fácil ultrapassar as divergências, mas é um sinal positivo que todos os aliados na OTAN e a Rússia se sentaram à mesma mesa e se ocuparam realmente disso", apontou sobre as negociações.

"Os aliados na OTAN sublinharam que farão todo o possível para encontrar um caminho político para um avanço [...] Tivemos uma discussão franca e aberta sobre uma grande série de questões, claro, com o foco nas tensões na Ucrânia e em torno dela [...] Mas o encontro foi útil", comentou o secretário-geral, referindo ainda que o bloco pode discutir com a Rússia a limitação mútua relativamente a mísseis e a questão da política nuclear.
Stoltenberg confirmou que a Rússia apresentou suas propostas sobre a não expansão da OTAN.
"A Rússia levantou a proposta que publicou em dezembro com o objetivo de abordar suas preocupações de segurança, que incluem exigências de parar a admissão de novos membros à OTAN e retirar forças de aliados no leste", explicou ele.
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No entanto, o alto responsável rejeitou a ideia de que a Rússia possa influenciar uma entrada da Ucrânia na OTAN.

"Todos os membros [da OTAN] estão unidos no que toca ao princípio-chave: que cada país tem o direito de escolher seu caminho [...] Os aliados também concordam que só a Ucrânia e os 30 aliados podem decidir quando a Ucrânia estará pronta para ser Estado-membro, ninguém mais. A Rússia não pode vetar uma entrada da Ucrânia na OTAN", disse, e acrescentou que a Aliança Atlântica está pronta para oferecer a Kiev todo o apoio para tal, além de ajudar a realizar reformas e modernizar suas Forças Armadas.

"A Ucrânia é um país soberano, a Ucrânia tem o direito de autodefesa. A Ucrânia não é uma ameaça à Rússia. A Rússia tem o maior território na Europa, é uma forte potência nuclear", mencionou, e falou do que aconteceu nos últimos anos com a Crimeia e Donbass, incluindo de a Rússia supostamente já ter usado a força contra seu vizinho. De acordo com ele, a OTAN pode intensificar suas atividades a leste se a Rússia "voltar a usar a força" e "invadir" a Ucrânia.
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O chefe da aliança militar relatou ainda que a Rússia não confirmou a marcação de novos encontros.
"Sugeri e os aliados apoiaram uma série de encontros sobre várias questões [...] A Rússia não pôde concordar com essas propostas, mas também não as rejeitou. O lado russo deu a entender que precisa de algum tempo para dar uma resposta à OTAN."
"Hoje também dissemos claramente que estamos prontos para abrir novamente, recuperar a representação da OTAN em Moscou, igual que a missão russa na OTAN, porque acreditamos no diálogo. Estamos convencidos que essas representações são parte da infraestrutura através da qual podemos realizar um diálogo frutífero" e "não temos para isso quaisquer condições prévias", segundo o secretário-geral do bloco militar.
Wendy Sherman, vice-secretária de Estado dos EUA, crê que o comportamento da Rússia perante a Ucrânia afetará o futuro do recém-terminado gasoduto russo Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), cuja operação, no entanto, ainda não foi certificada.
"Da nossa perspectiva, é muito difícil ver o gás fluindo pelo gasoduto ou ele ficar operacional se a Rússia retomar sua agressão à Ucrânia", declarou ela aos repórteres após um encontro do Conselho OTAN-Rússia.
A Rússia tem negado frequentemente ter intenções agressivas contra a Ucrânia, frisando que tem todo o direito de movimentar tropas dentro de seu próprio território, e questiona a militarização pela OTAN das fronteiras junto da Rússia, incluindo na própria Ucrânia, apesar de a última não ser um Estado-membro da Aliança Atlântica.
Em 17 de dezembro, Moscou publicou projetos de um acordo para reformular a segurança europeia, que propõem o fim da expansão para o leste da OTAN, incluindo para a Ucrânia, e a não colocação de mísseis, armas nucleares ou meios militares na proximidade dos dois lados.
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