Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, afirmou na quarta-feira (12) após um encontro do Conselho OTAN-Rússia que, mesmo com fortes divergências nas posições da aliança militar e da Rússia,
que não são fáceis de ultrapassar, foi importante iniciar o diálogo.
"Os aliados na OTAN sublinharam que farão todo o possível para encontrar um caminho político para um avanço [...] Tivemos uma discussão franca e aberta sobre uma grande série de questões, claro, com o foco nas tensões na Ucrânia e em torno dela [...]
Mas o encontro foi útil", comentou o secretário-geral, referindo ainda que o bloco pode discutir com a Rússia
a limitação mútua relativamente a mísseis e a questão da política nuclear.
Stoltenberg confirmou que a Rússia apresentou suas propostas sobre a não expansão da OTAN.
"A Rússia levantou a proposta que publicou em dezembro com o objetivo de abordar suas preocupações de segurança, que incluem exigências de parar a admissão de novos membros à OTAN e retirar forças de aliados no leste", explicou ele.
No entanto, o alto responsável rejeitou a ideia de que a Rússia possa influenciar uma entrada da Ucrânia na OTAN.
"A Ucrânia é um país soberano, a Ucrânia tem o direito de autodefesa. A Ucrânia não é uma ameaça à Rússia. A Rússia tem o maior território na Europa, é uma forte potência nuclear", mencionou, e falou do que aconteceu nos últimos anos com a Crimeia e Donbass, incluindo de a Rússia supostamente já ter usado a força contra seu vizinho. De acordo com ele, a OTAN pode intensificar suas atividades a leste se a Rússia "voltar a usar a força" e "invadir" a Ucrânia.
O chefe da aliança militar relatou ainda que a Rússia não confirmou a marcação de novos encontros.
"Sugeri e os aliados apoiaram uma série de encontros sobre várias questões [...] A Rússia não pôde concordar com essas propostas, mas também não as rejeitou. O lado russo deu a entender que
precisa de algum tempo para dar uma resposta à OTAN."
"Hoje também dissemos claramente que estamos prontos para abrir novamente, recuperar a representação da OTAN em Moscou, igual que a missão russa na OTAN, porque acreditamos no diálogo. Estamos convencidos que essas representações são parte da infraestrutura através da qual podemos realizar um diálogo frutífero" e "não temos para isso quaisquer condições prévias", segundo o secretário-geral do bloco militar.
Wendy Sherman, vice-secretária de Estado dos EUA, crê que o comportamento da Rússia perante a Ucrânia afetará o futuro do recém-terminado gasoduto russo Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2), cuja operação, no entanto, ainda não foi certificada.
"Da nossa perspectiva, é muito difícil ver o gás fluindo pelo gasoduto ou ele ficar operacional se a Rússia retomar sua agressão à Ucrânia", declarou ela aos repórteres após um encontro do Conselho OTAN-Rússia.
A Rússia tem negado frequentemente ter intenções agressivas contra a Ucrânia, frisando que tem todo o direito de movimentar tropas dentro de seu próprio território, e questiona a militarização pela OTAN das fronteiras junto da Rússia, incluindo na própria Ucrânia, apesar de a última não ser um Estado-membro da Aliança Atlântica.
Em 17 de dezembro, Moscou publicou projetos de um acordo
para reformular a segurança europeia, que propõem o fim da expansão para o leste da OTAN, incluindo para a Ucrânia, e a não colocação de mísseis, armas nucleares ou meios militares na proximidade dos dois lados.