Há mais países que veem o espaço como uma possível arena para conflitos no futuro e esse domínio já é usado hoje para a inteligência, disse na terça-feira (11) Charlotte von Essen, chefe da Polícia de Segurança da Suécia, em uma conferência sobre Defesa.
Segundo ela, "potências estrangeiras" como a China e a Rússia têm agora novas oportunidades no espaço. Um conflito no espaço pode começar com um ataque a um sistema espacial importante, tal como um satélite de navegação. Para aqueles que querem comunicar com os seus satélites e recuperar dados, a Suécia encontra-se numa localização estratégica, de acordo com a autoridade.
"Para a China e a Rússia, o espaço é importante tanto de uma perspectiva militar como civil. Os países também estão muito interessados em adquirir conhecimento sobre pesquisas suecas que contribuem para o desenvolvimento do espaço. Mais pessoas com atividades que podem estar conectadas ao espaço precisam ser mais sensibilizadas sobre isto", resumiu Essen, pois o espaço afeta tanto a área da inteligência como a de segurança da Suécia.
"Ver o espaço de uma perspectiva total de defesa é por isso necessário, e tanto a preparação como conhecimento têm de aumentar. A colaboração é necessária para aumentar o entendimento e a resiliência", advertiu.
Durante a mesma conferência, Peter Hultqvist, ministro da Defesa sueco, declarou que a Rússia "questiona e ameaça" todo o sistema de segurança europeu e a autodeterminação de outros países com a presença massiva de suas tropas junto da fronteira com a Ucrânia e suas sugestões para acabar com a expansão oriental da OTAN.
Anteriormente, ele também disse que a Rússia é a única ameaça militar à Suécia, apesar de os países terem combatido pela última vez em 1809. Frequentes declarações sobre Moscou ser "agressiva" ou "assertiva" têm levado a aumentos nas despesas militares da Suécia para os maiores níveis desde o fim da Guerra Fria, e apelos para maior colaboração com a OTAN, apesar de o país manter sua posição de não participar oficialmente da aliança.
Moscou, por sua vez, rejeita a narrativa de que ameaça a Ucrânia, referindo que tem todo o direito de movimentar as tropas dentro de seu próprio país, e critica a militarização das fronteiras junto da Rússia pela OTAN, inclusive na Ucrânia, que não é Estado-membro da aliança militar.
Apesar de ocasionais preocupações dos EUA sobre a suposta ameaça de armas antissatélite da Rússia, o governo russo também tem criticado o que diz ser a militarização do espaço por Washington, especialmente com a criação da Força Espacial norte-americana em 2019.